Muitas vezes ouvimos alguém dizer que
em muitas religiões se encontra o misticismo. Esse termo é usado em
sentido pejorativo, com seu sentido deturpado, conotando que certas religiões
estão enganando seus seguidores.
Fomos pesquisar o sentido dessas duas
palavras. Segundo o dicionário, Místico é relativo à vida espiritual e
contemplativa; devoto, religioso, piedoso. Místico é aquele que, mediante a
contemplação espiritual, procura atingir o estado de êxtase de união direta com
a divindade. Portanto, o vocábulo místico se refere a características
positivas, boas e não pode ser usado com o sentido pejorativo. Ao passo que Mistificação
é o ato ou efeito de mistificar, ou seja, abusar da credulidade, enganar,
iludir, burlar, lograr.
Há poucos dias, numa conversa,
ouvi uma pessoa dizer que em muitos Centros Espíritas
existe o “misticismo”, que muitos são “místicos”. A pessoa queria dizer que
muitos enganam os seus seguidores. É comum ouvirmos isso, mas é uma maneira
equivocada de se expressar. O certo seria que existe mistificação e que são
mistificadores em alguns lugares.
A palavra místico vem do grego mystikós.
Na antiguidade, era aquele que figurava entre os que eram admitidos nos antigos
Mistérios. Atualmente, é quem pratica o misticismo e professa idéias místicas,
transcendentais. Misticismo é toda doutrina envolta em mistério e na
metafísica, que trata mais dos mundos ideais do que de nosso universo positivo,
real. Outra acepção da palavra é “o estado da pessoa que se dedica muito a Deus
e às coisas espirituais”.
Encontrei um texto que explica bem o
que é místico e misticismo.
“Nos tempos modernos, muitos errôneos
significados têm sido aplicados aos termos místico e misticismo.
O mal entendido mais generalizado é o que admite estarem eles ligados a
fenômenos pavorosos e estranhos. Na verdade, porém, o místico é exatamente
aquele que deseja e busca a verdade e o conhecimento. Detesta o supersticioso,
tanto quanto o que se diz racionalista.
(...)
O místico crê fundamentalmente
que pode receber iluminação divina, ou cósmica, através do Eu subconsciente. A
ele se manifesta, durante a meditação, um conhecimento revelado que,
intuitivamente, aceita como verdade. A revelação se faz tão clara que, para
ele, o conhecimento não requer seja substanciado pela razão. O místico
acredita, ainda, que nenhum intermediário se faz necessário para o contato
direto com a realidade única, que poderá chamar de Absoluto, Mente Universal,
Deus ou Cósmico.
(...)
O místico não é fantasista –
se for um verdadeiro místico. Poderá, às vezes, procurar fugir às atrações do
mundo, para desfrutar da elevação de consciência que sente ser necessária para
a harmonização com o Uno. Considera, porém, que tem a sublime obrigação
moral de utilizar o fluxo de iluminação, as novas idéias ou o conhecimento
revelado que recebeu. É para ele repugnante manter essa luz nos limites
de sua própria consciência. A iluminação que recebeu torna-se um incentivo e um
estímulo à ação, que, finalmente, vem a expressar de várias maneiras.
(...) A filosofia mística é um
sistema de vida pelo qual o indivíduo chega a adaptar-se ao seu meio
ambiente, como reação à experiência íntima por que passou. Representa um
desígnio superior que ele interpreta de maneira prática e que, segundo
verifica, imprime em seus afazeres diários, pelo menos, parte da ordem cósmica
de que se tornou consciente.”
Portanto, não podemos nos referir a
“místico”, quando queremos dizer “mistificação ou mistificador”, pois
estaremos, no mínimo, sendo injustos com os místicos – pessoas de boa índole,
que dedicam sua vida ao estudo dos mistérios da vida e com seu conhecimento
estão sempre ajudando os seus semelhantes.
O sentido das palavras que usamos em
nossa comunicação são muito importantes, sobretudo para que não cometamos
injustiças ou julgamentos falsos.
Texto de Cecy Kirchner
Foto ilustrativa