sexta-feira, 6 de março de 2015

Orar !

Do termo ORO – expandir, abrir-se. Mas é um abrir-se para dentro e não esperar que algo de fora apenas possa acontecer. Podemos usar recursos exteriores para a oração: um local apropriado, figuras ou imagens, velas, incenso, luzes coloridas, fundos musicais, vestimentas, oferendas, leituras repetitivas se desejarmos. “Tu, porém, quando orares, entre em teu quarto e, fechada a porta, ora a Teu Pai que está em secreto; e Teu Pai, que vê em secreto, te retribuirá.” (Mateus Cap. 6, v. 6)

Jesus sempre orava e ensinava em lugares abertos, campos, colinas, à beira mar e pouco em templos e moradias. Dizia que Ele mesmo não tinha onde repousar o corpo. Seria uma contradição interpretar ao pé da letra sua orientação de como orar. Assim quem não tem casa não poderia orar. Mas, temos que entender com profundidade a simbologia de sua parábola.

Para a concentração em nosso íntimo, em nossa essência espiritual que nos liga a essência da Criação que tudo invade, é mais lógico e verdadeiro, fecharmos as portas e janelas de nosso corpo, nossos sentidos exteriores para focar nossa mente com atenção, concentração e profundidade em nós mesmos. Parece algo impossível esta reflexão interior pelo fato de estarmos viciados mental e emocionalmente nas informações dos cinco sentidos exteriores: visão, audição, tato, olfato e paladar. Paramos para refletir quando temos problemas de foro íntimo mas logo voltamos à rotina dominante. Isso não significa que nos alienamos dos sentidos externos mas que podemos educá-los para que não atrapalhem e até possam ajudar em profundas reflexões. Por exemplo, termos sempre à mão algo apropriado para isso como um rosário para orações, um livro de bolso, a figura de um mestre ou santo, um ornamento com simbologia apropriada, música, etc. Alguns minutos alternados no dia a dia são treinamentos para quando quisermos usar um tempo maior para oração, estudos, meditação, etc.

Todos temos à disposição elementos para nosso crescimento, tanto externo como interno. O que acontece é que polarizamos nossos talentos apenas no exterior e esquecemos o principal, o interior, onde está nossa Real identidade.
Jesus já advertia sobre isso quando ensinava “De que adianta ao homem conquistar o mundo e perder sua alma” (alma como essência, identidade Real).
Em outra parábola cristã fala-se sobre os talentos confiados ao homem. Os que aplicaram corretamente, ganharam mais e evoluíram; e quem não usou e enterrou perdeu o que tinha.
Outras parábolas são convergentes: o Tesouro Oculto, O Filho Pródigo, As Irmãs Maria e Marta.
Nos ensinamentos orientais – budismo, hinduísmo, taoísmo – temos referências semelhantes sobre a oração, a prece, a meditação, a devoção como caminhos de evolução integral do homem como um todo em harmonia com outros reinos naturais onde vive.
Veja e sinta as cores e formas mas também o Vazio entre elas, sem Ele elas não existem.
Escute todos os sons e também o Silêncio entre eles, sem Ele eles não existem.

Olhe em teus próprios olhos e pergunte: Quem sou Eu? ELE te responderá em teu coração: EU SOU. Sintonize e sincronize teu pensar, teu sentir e tua respiração no EU SOU pulsando em teu coração. Deixe que ELE te conduza.


Texto de Iran Waldir Kirchner - Foto Ilustrativa

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