“Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e
as observa, será comparado a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a
rocha. Desceu a chuva, vieram as torrentes, sopraram os ventos e deram com ímpeto
contra aquela casa e ela não caiu; pois estava edificada sobre a rocha. Mas
todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as observa, será comparado a
um homem néscio, que edificou a sua casa sobre a areia. Desceu a chuva, vieram
as torrentes, sopraram os ventos e bateram com ímpeto contra aquela casa, e ela
caiu; e foi grande a sua ruína. (Mateus 7: 24-27)
Os termos casa, campo, terra, etc. são usados em
parábolas, tanto no cristianismo como em outras religiões, relacionando-se com
nosso corpo com tudo que ele contém. (Ver Tesouro
Oculto, Orar, Parábola da Semeadura).
Desde que nascemos, estamos ligados a nossa casa
biológica, nosso corpo, com capacidade, talentos etc. Quando crianças essas são
potencialidades latentes que vão sendo desenvolvidas ou edificadas no decorrer
de nossa vida. Hoje, damos muita atenção à educação e à saúde como algo básico
para construir, edificar nossa casa biológica. É o que temos como realidade
imediata e constante ao nosso dispor: um veículo completo para a caminhada
evolutiva da consciência no ambiente onde estamos. Podemos viver focados
constantemente no exterior, mas o instrumento para esse relacionamento de
interação é a casa corporal com os meios que tem. Se ela foi construída
solidamente sobre a rocha (valores) poderá resistir às intempéries do caminho
sem desequilíbrios. Somos os planejadores e construtores de nós mesmos e a todo
momento estamos 24 horas por dia diante dessa tarefa, mesmo quando dormimos.
Ser semelhante não significa ser igual. Somos
diferentes. Isso é uma característica da Natureza – diversidade, multiplicidade
– e assim Ela evolui no mineral, no vegetal, no animal e também no homem.
Mas, como viver e evoluir nesse meio natural
aparentemente caótico e tão diversificado?
Gostamos de padronizar tudo, de uniformizar, de
igualar, pois isso nos traz uma aparente segurança.
Mas, nós mesmos somos variáveis na nossa
individualidade. Como crianças, como jovens, como adultos, cada fase tem suas
semelhanças, mas com grandes diferenças. Mas, isso é Evolução que não é
estática, mas dinâmica. A Natureza levou milhões de anos para evoluir
seguramente e o homem está transformando a si mesmo e ao seu redor em pouco
tempo. Será esta transformação uma evolução natural e segura, ou temos que
rever alguns conceitos da espécie “homo sapiens”? (Ver Antropocentrismo) Como será o Planeta daqui 100, 200, 300, 1.000
anos?
Estamos construindo nossa casa biológica e
transformando nossa casa planetária sobre valores firmes ou sobre a areia
movediça?
O ego humano muito superficial se ilude com o
imediatismo das sensações (Ver Auto-conhecimento
e Ilusão) e não se interessa por conseqüências futuras, justificando-se que
não estará mais presente para sofrer. Mas, atualmente sofremos o resultado da
atuação humana do passado: quantos desertos já foram paraísos exuberantes de
riquezas vegetais, minerais e animais? Quantos povos e culturas importantes
foram dizimados pela insanidade humana?
Um mínimo de coerência nos faz questionar as
qualidades do reinado do “homo sapiens” e fazer uma avaliação individual e
global do presente para o futuro. (Ver O
Bem e o Mal). As gerações futuras vão nos cobrar o nosso posicionamento de
hoje. Podemos até descartar a responsabilidade para os governantes do coletivo,
mas estes são fundamentos e princípios formados por indivíduos. Sejamos
coerentes: nossa casa biológica tem resultados primeiro em nós mesmos – saúde
mental, emocional e física. Depois influencia o meio onde vivemos e ele nos
retribuirá em proporções multiplicadas.
Seja coerente. Sua atitude é importante para todos.
Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa