sexta-feira, 10 de julho de 2015

A grande ilusão (Parte I)

Certo dia, ao entardecer, uma camponesa chegava à sua choupana. Ao abrir a porta e acender uma lamparina, percebeu, na penumbra, em um dos cantos, algo diferente e estranho. Apavorada, saiu rapidamente gritando:
Socorro, uma grande cobra, me ajudem!

Os vizinhos rapidamente acorreram ao chamado. Vieram armados com paus para enfrentar a grande serpente. Agitados, formaram um grupo diante da choupana, mas ninguém se atrevia a entrar. Chegou então o marido da apavorada camponesa. Pelo grande alarido, pensou no pior. Informado dos fatos pela esposa, muniu-se de uma grande tocha acesa e entrou na casa, apesar das advertências dos amigos.

A expectativa era grande, diante do silêncio dentro da casa. Surge então o homem na porta, arrastando algo. Todos recuam e ele atira diante deles um grande e grosso pedaço de corda.

Eis a grande “serpente”, a corda que comprei hoje à tarde para o meu serviço.

Quantas “serpentes da ilusão” nos atemorizam a vida por nos deixarmos envolver pela falsa aparência das coisas. É necessário discernimento para não sermos vítimas do pânico que envolve a maioria (a camponesa e seus vizinhos) e coragem para enfrentar os fatos com sabedoria (o marido da camponesa com a luz).

Enquanto a verdade não aparece, a ilusão mentirosa prevalece. Uma mentira, por mais fantástica que seja, e por maior que seja o número de pessoas envolvidas, não tem auto-sustentação e desmorona diante da Realidade que é auto-sustentável. A “corda” da nossa história continuou sendo corda mesmo quando a imaginação distorcida via nela uma serpente.

A ilusão necessita ser alimentada para parecer “realidade”. A mentira também precisa de muita astúcia e empenho para continuar, até que surja a Verdade para destruir a farsa.

Cabe aqui uma pergunta: em que nos empenhamos em nossa vida, em nosso dia-a-dia? Alimentamos inverdades por medo, comodismo ou interesses escusos, ou temos a ousadia de contrariar a maioria, expondo fatos verdadeiros?

Já disse Alguém, hoje pouco lembrado: “conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará”. Queremos realmente esta liberdade? Ou deixaremos a mentira, os mentirosos nos manipularem para seus fins egoístas e inconfessáveis? Temos humildade para compartilhar nossas “pequenas verdades” em busca de Algo Maior.

Discernimento, cooperação e humildade podem ajudar-nos a ver o falso, e então o Verdadeiro aparecerá. A decisão é de cada um, mas o resultado é para todos. Faça uma escolha consciente.


Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa


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