quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A unidade da humanidade e a paz mundial (Parte II)


      Poderemos pensar que este efeito é passageiro e se perde logo, mas não é assim. Toda ação provoca uma reação em cadeia que se propaga para todos os lados e depois volta multiplicada. Nós estamos tratando com seres humanos e não com coisas inanimadas; somos transmissores e receptores de grande potência. O uso consciente destas energias depende de nosso equilíbrio, de conhecimento e da unidade que somos. Se eu recebo a irritação de uma pessoa e não estou em harmonia comigo mesmo, serei o veículo transmissor e amplificador daquela força, e isso acontece normalmente sem percebermos, pois nós pouco nos auto-observamos.
Mas, ao contrário, se eu estiver em harmonia ativa e vigilante, saberei reagir, anulando a ação negativa em mim e até mesmo influindo sobre a outra pessoa de modo positivo. Por esse mesmo processo, também tudo que é benéfico e positivo, pode se propagar e crescer, e com muito mais potência, pois é feito conscientemente. E é por isso que a Humanidade não está pior do que está; a ação de poucos – positiva – anula em parte o efeito negativo da grande maioria. Poder ver assim como a nossa omissão pode ser a causa do estado atual da Humanidade e como também a nossa ação, positiva, individual, mesmo sendo apenas uma, pode anular dezenas, centenas ou até milhares de fontes negativas de atividade.

      Por tudo isso, vale a pena o trabalho que fizermos em nós mesmos, e isso somente cada um para consigo mesmo pode fazer, não existem milagres, mágicas ou uma receita pronta e acabada, pois nós não somos tão simples como aparentamos, nosso mundo interior é muito complexo e diversificado, não existem duas criaturas iguais em pensamentos, sentimentos e atitudes. O trabalho deve ser individual, apesar de existirem muitas normas básicas como linhas de referência que podem ser estudadas em conjunto. Cada um tem a liberdade e a responsabilidade perante si mesmo para escolher os recursos e meios próprios a si mesmo. Por isso, uma receita particular pode servir a um e prejudicar outro. Apesar de ser a finalidade uma só – Equilíbrio, paz, Felicidade – os caminhos para lá são muitos.

      Voltando à criatura humana, que é o ponto central de nossa atenção, veremos, como primeira etapa, que é formada de um corpo físico, concreto, palpável, visível; um corpo emocional, inter-penetrando o físico, sendo mais material, intangível, mas perceptível pela observação, mas, nem por isso, menos atuante. Ao contrário, tem supremacia sobre o físico. E esta é a razão como as emoções fora de equilíbrio prejudicam nosso corpo, chegando até mesmo a uma parada do coração. E, ao contrário, uma pessoa emocionalmente sã, tem um corpo são, resistente. A terceira parte desta primeira etapa é nosso corpo mental, muito mais sutil e ativo que os outros. É a sede dos nossos pensamentos, nossas idéias, nosso raciocínio.

      A mente do homem é um desafio para a ciência, que apenas tem vagas teorias do seu funcionamento, muito tem ainda que descobrir sobre a tremenda força de nossa mente. A prova mais simples disso é que o homem ainda seria um animal instintivo e selvagem se não fosse seu poder mental. Por esta capacidade que nos dá uma liberdade maior dentro de planos da Natureza, é que nos torna também mais responsáveis pelo que está acontecendo no mundo de hoje e o que poderá acontecer amanhã; seja pela ação errada ou correta, ou ainda pela omissão em agir. Se compararmos nosso corpo com uma máquina teremos uma idéia melhor. Supondo que eu tenha um pequeno trator bem simples; o mínimo necessário para poder trabalhar com ele é saber dirigi-lo e conhecer todas as suas possibilidades de serviço. Sem isso, terei poucos resultados e corro o risco de danificar o trator e de me ferir com ele; e não poderei reclamar pois a culpa é minha por não ter a necessária habilidade de conhecer e saber operar aquela máquina.

      Agora, imaginemos uma grande fábrica de processamento de diferentes matérias-primas, carregamento, análise, triagem, aprimoramento, projetos, embalagens, entregas; tudo isso dirigido por um imenso computador operado por apenas uma pessoa. Qual seria o mínimo necessário para que essa única pessoa pudesse fazer razoavelmente seu serviço nesta fábrica tão moderna? Deve conhecer os diversos departamentos, suas funções, estrutura, possibilidades, e também como comandar o computador que vai atuar em todas as partes e, além disso, estar em contato com o mundo exterior à fábrica de onde recebe as matérias-primas e para onde envia os produtos que fabrica. O sucesso ou o fracasso desta empresa vai depender apenas da habilidade deste único operador e, fundamentalmente, do conhecimento interno dela, suas necessidades, suas possibilidades e seus limites. Sem isso, por melhor que sejam as possibilidades exteriores, esta fábrica irá à falência, ao fracasso, a destruição, por culpa única do operador, dirigente de tudo. A falta de interligação, do relacionamento equilibrado entre a máquina e seu operador, sempre resulta em ruínas.

      Devemos sempre perguntar a nós mesmos: sou um bom operador de minha máquina corpo? Conheço todas as suas possibilidades e seus limites? Formo uma Unidade Equilibrada comigo mesmo, Corpo e Espírito? Ou deixe que meu corpo aproveite a vida como ele bem queira, e EU que devo ser seu Senhor, me torne seus escravo? QUEM SOU EU, AFINAL? Dirigente ou dirigido? Patrão ou empregado? Como posso EU reclamar da falta de Unidade na Humanidade, se EU não sou uma Unidade comigo mesmo?
Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa


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