segunda-feira, 19 de maio de 2014

A Unidade da Vida - Introdução


      Ao começar, gostaríamos de pedir a cada um dos presentes, uma pequena participação para que a reunião tenha um bom resultado. Esta participação é com relação ao estado mental de todos nós. Explicando melhor, o assunto que vamos abordar se refere a algo muito especial e fora do comum, algo que bem pouco compreendemos devido às características do meio em que vivemos. Este meio é diversificado e múltiplo em seus aspectos e as coisas aparentam diferenças distintas que as separam entre si em infinitas formas, cores e características.
A criação é múltipla em sua manifestação, mas é Uma em sua essência, em seu fundamento, em sua sustentação. Como todos nós temos as nossas atividades dentro desta multiplicidade de manifestação, nossa mente está condicionada a pensar e ver sempre com relação ao múltiplo diversificado e separado entre si, uma coisa de cada vez e sem ligação com as restantes.

      O termo Unidade, por exemplo, tem um sentido muito relativo em nossa linguagem usual. Entendemo-lo como algo que possamos abranger com nossos sentidos exteriores, algo que a mente possa envolver, compreender e dominar. Sendo assim, ao tratarmos do termo UNIDADE, como algo que nos envolve e contém tudo que conhecemos, é bem normal que percamos o apoio de nossa mente. A mente não pode raciocinar em termos tão amplos, é fora do normal, está além de sua capacidade comum. Vejamos, agora, a reação defensiva de nossa mente para contornar o problema. Sempre que nos deparamos com algo além de nossa capacidade de entendimento, ficamos perturbados, nosso ego pessoal sente-se inseguro no seu equilíbrio relativo. Para resolvermos isso, formamos imagens mentais que satisfaçam nosso amor próprio.
Em resumo, formamos um conceito próprio e particular de tudo que não entendemos, restabelecendo a nossa segurança mental, colocamos uma etiqueta sobre o assunto e o arquivamos em nossa memória como um caso encerrado. Esta é a nossa defesa muito natural e normal. É um artifício da natureza para  que tenhamos sempre uma base da partida de relativo equilíbrio e segurança. Sem isso, todos nós desmoronamos.

      Como todo o excesso é prejudicial, mesmo essa segurança em demasia em nossas criações mentais, nos traz um problema. Esse problema é a resistência que desenvolvemos contra a busca de aprimoramento de nossos conhecimentos. Se não tivermos consciência dessa resistência natural em cada um de nós e não dosarmos, jamais iremos rever aquele assunto que arquivamos e encerramos definitivamente.

      É esta participação que pedimos a cada um dos presentes, que tenham a mente aberta e receptiva para aprimorar nossos conhecimentos e estudar juntos este importante assunto que é o tema de hoje: “A Unidade da Vida”.

      É um assunto dificílimo e complexo para se abordar, pelas características já vistas, e pelas nossas limitações. Por mais que se fale e se explique, o máximo que podemos transmitir é uma imagem refletida muito imperfeita daquilo que é a Realidade.

      Mas, temos um ponto a nosso favor: é o fato de que todos nós já tivemos pequenas experiências, geralmente em nossas horas de oração e meditação. Isso não acontece sempre conosco, mas em momentos inesperados e em frações de segundos. É quando a mente e os pensamentos cessam e algo indescritível é sentido em nosso íntimo, as barreiras que nos limitam desaparecem e, apesar de toda a nossa percepção exterior se apagar, penetramos em tudo pela raiz, pela sua essência. Não há mais separação entre o observador e o objeto observado, é como se estivéssemos vendo a nós próprios em tudo o que nos rodeia, em uma Única e Inseparável Unidade. Esses momentos são raros e breves em nós, pessoas comuns, mas nos marcam profundamente para toda a vida.
Não é um privilégio de uma elite ter altos conhecimentos. Todos nós já sentimos isso, mas nos é difícil compreender e explicar para as outras pessoas, pois elas também não sabem o que se passa e temem a zombaria se admitirem tais fatos. Portanto, vamos recordar todos os acontecimentos que já experimentamos nesse campo, por menor que seja a importância que demos ao fato na ocasião, pois isso nos será de grande valia ao tentarmos penetrar nesta extraordinária Unidade da Vida.
Texto de Iran W. Kirchner
Foto Ilustrativa

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