Ao começar, gostaríamos de pedir a
cada um dos presentes, uma pequena participação para que a reunião tenha um bom
resultado. Esta participação é com relação ao estado mental de todos nós.
Explicando melhor, o assunto que vamos abordar se refere a algo muito especial
e fora do comum, algo que bem pouco compreendemos devido às características do
meio em que vivemos. Este meio é diversificado e múltiplo em seus aspectos e as
coisas aparentam diferenças distintas que as separam entre si em infinitas
formas, cores e características.
A criação é múltipla em sua manifestação, mas
é Uma em sua essência, em seu fundamento, em sua sustentação. Como todos nós
temos as nossas atividades dentro desta multiplicidade de manifestação, nossa
mente está condicionada a pensar e ver sempre com relação ao múltiplo
diversificado e separado entre si, uma coisa de cada vez e sem ligação com as
restantes.
O termo Unidade, por exemplo, tem um
sentido muito relativo em nossa linguagem usual. Entendemo-lo como algo que
possamos abranger com nossos sentidos exteriores, algo que a mente possa
envolver, compreender e dominar. Sendo assim, ao tratarmos do termo UNIDADE,
como algo que nos envolve e contém tudo que conhecemos, é bem normal que
percamos o apoio de nossa mente. A mente não pode raciocinar em termos tão
amplos, é fora do normal, está além de sua capacidade comum. Vejamos, agora, a
reação defensiva de nossa mente para contornar o problema. Sempre que nos
deparamos com algo além de nossa capacidade de entendimento, ficamos
perturbados, nosso ego pessoal sente-se inseguro no seu equilíbrio relativo.
Para resolvermos isso, formamos imagens mentais que satisfaçam nosso amor
próprio.
Em resumo, formamos um conceito próprio e particular de tudo que não
entendemos, restabelecendo a nossa segurança mental, colocamos uma etiqueta
sobre o assunto e o arquivamos em nossa memória como um caso encerrado. Esta é
a nossa defesa muito natural e normal. É um artifício da natureza para
que tenhamos sempre uma base da partida de relativo equilíbrio e
segurança. Sem isso, todos nós desmoronamos.
Como todo o excesso
é prejudicial, mesmo essa segurança em demasia em nossas criações mentais,
nos traz um problema. Esse problema é a resistência que desenvolvemos contra a
busca de aprimoramento de nossos conhecimentos. Se não tivermos consciência
dessa resistência natural em cada um de nós e não dosarmos, jamais iremos rever
aquele assunto que arquivamos e encerramos definitivamente.
É esta participação que pedimos a cada
um dos presentes, que tenham a mente aberta e receptiva para aprimorar nossos
conhecimentos e estudar juntos este importante assunto que é o tema de hoje: “A
Unidade da Vida”.
É um assunto dificílimo e complexo
para se abordar, pelas características já vistas, e pelas nossas limitações.
Por mais que se fale e se explique, o máximo que podemos transmitir é uma
imagem refletida muito imperfeita daquilo que é a Realidade.
Mas, temos um ponto a nosso favor:
é o fato de que todos nós já tivemos pequenas experiências, geralmente em
nossas horas de oração e meditação. Isso não acontece sempre conosco, mas em
momentos inesperados e em frações de segundos. É quando a mente e os pensamentos
cessam e algo indescritível é sentido em nosso íntimo, as barreiras que nos
limitam desaparecem e, apesar de toda a nossa percepção exterior se apagar,
penetramos em tudo pela raiz, pela sua essência. Não há mais separação entre o
observador e o objeto observado, é como se estivéssemos vendo a nós próprios em
tudo o que nos rodeia, em uma Única e Inseparável Unidade. Esses momentos são
raros e breves em nós, pessoas comuns, mas nos marcam profundamente para toda a
vida.
Não é um privilégio de uma elite ter altos conhecimentos. Todos nós já
sentimos isso, mas nos é difícil compreender e explicar para as outras pessoas,
pois elas também não sabem o que se passa e temem a zombaria se admitirem tais
fatos. Portanto, vamos recordar todos os acontecimentos que já experimentamos
nesse campo, por menor que seja a importância que demos ao fato na ocasião,
pois isso nos será de grande valia ao tentarmos penetrar nesta extraordinária
Unidade da Vida.
Texto de Iran W. Kirchner
Foto Ilustrativa
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