Vamos imaginar uma criatura que gosta
e cultiva sentimentos inferiores de egoísmo, gula, personalismo doentio. O que
poderá desenvolver em si mesma além do que já tem? Terá porventura altruísmo,
tolerância, fraternidade e bondade com o próximo? Certamente não! Irá, sim,
desenvolver sentimentos contrários a todas essas virtudes.
Portanto, o que
praticamos diariamente vai desenvolver em nós sentimentos correspondentes às
nossas ações. Isso é matematicamente exato! Se eu exercitar, durante 10 horas
por dia, os meus sentimentos personalistas e inferiores e apenas por 1 hora
praticar e me dedicar a assuntos elevados, o que terá mais desenvolvimento em
mim? Com toda a certeza, a cada dia estarei em piores condições do que antes.
Não se deve iludir que apenas uma hora de vigilância ao dia vai compensar o
restante do tempo dedicado a emoções e pensamentos e atos contrários.
Podemos entender a necessidade que tem
o Karma Yogue de praticar continuamente o altruísmo e a solidariedade com o
próximo. Só dessa maneira, com persistência e vigilância constantes,
poderá desenvolver as qualidades superiores que tem em estado latente. O
fortalecimento dessas virtudes permite ao praticante conquistar um estado de
consciência mais elevado, ter uma melhor visão do caminho que percorre para
aproximar-se do Ideal que busca.
Portanto, quando estudamos os
ensinamentos dos Mestres sobre o altruísmo, fraternidade, justiça e bondade com
o próximo, é necessária muita atenção, pois essas palavras simples têm um
sentido oculto muito profundo. Podemos comparar com os exercícios
indispensáveis e necessários para nos fortalecermos internamente e podermos
avançar em busca da Perfeição. Essas palavras-chaves, quando praticadas, não
fazem vibrar a nossa personalidade física, mas sim atuam sobre o Eu Superior
que temos, elas vibram em Harmonia com Ele e ocorre um despertamento. É como se
acordássemos de um sonho.
O nosso Eu Superior é a nossa real individualidade
espiritual. Nossa personalidade material é uma espécie de sombra projetada do
Eu Superior. Nós nos identificamos como sendo essa imagem da personalidade e,
com isso, esquecemos nossa verdadeira identidade e todas as qualidades e
virtudes de nosso Eu Superior. Quando os Mestres nos ensinam que devemos
praticar essas mesmas virtudes e qualidades é para nos fazer lembrar o que
somos e nos fortalecer para acordarmos. Na medida em que formos acordando, ou
melhor, na medida em que formos nos identificando com o Eu Superior, iremos
dominando mais facilmente a nossa personalidade e ela deixará de ser um
obstáculo e se transformará em um veículo muito útil para a Busca de cada um de
nós.
O Karma Yogue então, através do
trabalho altruísta, fraternal e humanitário, domina a sua personalidade
material e a coloca aos serviços do Eu Superior. Dessa maneira, a busca da
Perfeição será mais fácil.
O Karma Yogue procura a perfeição pelo
trabalho à criatura. Como o Criador é a Perfeição, é então a busca do
criador pelo trabalho desapegado às suas criaturas.
Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa
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