segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A busca natural do ser humano (BHAKTI YOGA-Parte I)

   

Como já vimos, é a busca da Perfeição pelo caminho da devoção. Existem diversos tipos de devoção, desde os mais inferiores e fanáticos que dão origem ao sectarismo intolerante, que separa as criaturas em guerras entre irmãos, até a devoção mais sublime e verdadeira, testemunhada por todo o Mundo por Santas criaturas que se sacrificam ensinando a união entre todos os povos pela adoração a um Único Criador.

      Entre esses dois extremos existe uma variação enorme de tipos de devoção. Pode-se ter devoção para com um Mestre, um Sábio ou para com um Santo. Isso pode ser de grande auxílio inicial para o devoto, mas essa devoção deve evoluir e se expandir para não se correr o risco de limitar-se a uma criatura apenas. Por mais sublime que tenha sido uma criatura, ela foi a expressão da Divindade, foi um testemunho vivo do Criador. Portanto, a adoração a uma Entidade Superior é indiretamente a adoração ao criador. Se a devoção é feita a apenas um Ser Superior, será apenas uma fagulha da Divindade que receberá a nossa devoção. Mas, se houver devoção ao criador Único, estaremos incluindo todos os Grandes Mensageiros e toda a criação. Não haverá parcialidade nem limitações. 

Desse modo, e somente desse modo, é que o fanatismo religioso poderá desaparecer. Quando os Grandes Seres forem vistos como expressões diferentes de uma mesma e Única Divindade, todos os religiosos serão fraternais entre si, sejam eles de religiões as mais diferentes e distantes. Só existe um ponto comum para a confraternização de todos. Não é possível se entender que todas as criaturas devam adorar a Deus de uma única maneira. Isso é ilógico, é um atentado à liberdade a à própria fraternidade. Mas, se todos dizem reverenciar a um Deus único, devem respeitar tudo o que foi criado por Ele.

      Portanto, a Bhakti Yoga é a busca da Perfeição pelo caminho da devoção a Deus. Como Deus é a Perfeição, é a busca de Deus por amor a Deus. De quase nada valeria nos alongarmos em demasia, falando sobre o amor a Deus. É algo muito particular de cada um de nós e não se pode determinar padrões para tal sentimento tão elevado. Não é para se falar realmente, mas sim para se praticar sempre. Mas será interessante examinarmos algumas características da verdadeira devoção a Deus, do amor a Deus através do qual se caminha para a Perfeição.

      A primeira característica, talvez a mais importante, é que amar a Deus não é negociar com Deus. Sempre se espera algo em troca, não existe amor verdadeiro, transforma-se em um comércio. Com o Criador é inadmissível a barganha, temos que amá-Lo não esperando favores em troca. Apenas o fato de podermos sentir amor a Deus já é uma recompensa gratificante. Já é o bastante. O verdadeiro devoto fica inebriado quando reverencia a Divindade, pode atingir um estado de consciência tão elevado e indescritível que não deseja mais voltar ao seu estado normal. 

Portanto, não se deve amor a Deus em troca de favores, pois quando não se recebe o favor pedido, deixa-se de amá-Lo e a criatura transforma-se em mendigo. E mendicância não é uma linguagem de amor. Ninguém pode ficar satisfeito com algumas migalhas se pode entrar em um banquete real. Portanto, quando se pede favores em troca de um pretenso amor ao Criador, troca-se o Reino dos Céus, que é a herança legítima de criatura, pelas migalhas da Terra.

Texto de Iran Waldir Kirchner 
Foto Ilustrativa



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