Há necessidade de uma vigilância
constante, pois a personalidade usa de todos os recursos para se manter no
poder, para se impor, e os recursos mais preciosos para ela estão na Mente ou
corpo mental. Apesar de ser o mais sutil de todos os corpos inferiores, é, sem
dúvida, o que tem mais influência pelas suas qualidades como a imaginação, a
memória, o intelecto, o conhecimento. A mente, como veículo do Eu Superior,
pode ser um canal maravilhoso para expressar os valores superiores do Espírito,
a personalidade, quando usada pelo Eu inferior com finalidades pessoais e
egoístas, ela se torna escrava de um poder ilegítimo e incompetente.
Um exemplo é o mau uso que faz do
Conhecimento de todos os ramos materiais. A personalidade se apossa desses
valores mentais para si, usando toda essa bagagem em seu próprio proveito e
interesse. Portanto, o Conhecimento, que deveria ser um meio de expressão de
valores Superiores, tornou-se uma finalidade em si mesmo, sendo desvirtuado
pela Personalidade num sentido contrário aos valores superiores, que põe em
risco o domínio da Personalidade.
Desse modo, para se autopreservar, a
Personalidade endeusou o Conhecimento que, sendo dirigido e controlado por ela,
lhe garante o seu trono. Essa inversão de valores faz com que
hoje os Gênios sejam mais aclamados que os Sábios, pois a Sabedoria põe em
risco a personalidade.
Conhecimento é tido como sinônimo
de superioridade. As pessoas são medidas pela quantidade de conhecimento que
têm, pelo grau de instrução, pelo título, pela cultura superficial e material.
Os valores espirituais estão em segundo plano, quando o certo é o inverso.
É interessante se observar como existe
uma inversão na ordem dos valores. O conhecimento, sendo considerado
erradamente como um fim em si mesmo, é admirado e adorado independente de seus
frutos. Seja um remédio inventado ou uma bomba poderosa, o que é mais admirado
é a técnica, a capacidade usada. Do mesmo modo, quando se inventa algo
supérfluo ou de utilidade real.
O conhecimento, como uma ferramenta,
só tem valor pelos bons frutos que possa produzir e isso depende de quem
usa a ferramenta. Se a Personalidade é egoísta, o resultado será um
desastre.
Se fizermos uma análise fria e
desapaixonada da situação mundial, veremos o resultado do mau uso do
conhecimento. Os recursos naturais que existem fossem bem aplicados, sem
egoísmo, sem ambição, não faltaria trabalho para ninguém e todos viveriam com
dignidade. Mas, enquanto o personalismo dominar, veremos coisas absurdas como
os gastos astronômicos em armamentos para destruir a vida humana, enquanto
faltam recursos em máquinas e ferramentas para que muitos trabalhem para manter
a vida. Veremos uma minoria vestindo-se, comendo em excesso e gastando outro
tanto em remédios para se curarem de doenças que têm pela extravagância que
fazem, enquanto muitos morrem pela falta de comida e vestimenta ou de remédios
para curarem doenças causadas pela desnutrição. E a lista seria muito longa e
desagradável.
Essas são as consequências que a
Personalidade provoca pelo mau uso do Conhecimento. E não poderia ser de outra
maneira, pois ela reage aos valores superiores que lhe derrubariam de seu
trono.
Vemos como a falta de valores pode
causar desequilíbrio. Esses valores vêm do Eu Superior em nós, e têm muitos
nomes: discernimento, fraternidade, intuição, e tantos outros, que são reflexos
da Sabedoria.
Sabedoria é a própria Divindade
em nós, é a única que dirige e governa sem erros. A Sabedoria é a única
que pode libertar a criatura do domínio da personalidade e que pode coordenar e
equilibrar nosso corpo, nossas emoções e nossa mente para que eles sejam bons
instrumentos na execução de uma boa obra.
Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa
Nenhum comentário:
Postar um comentário