quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Adoração ao conhecimento (Parte I)

Há  necessidade de uma vigilância constante, pois a personalidade usa de todos os recursos para se manter no poder, para se impor, e os recursos mais preciosos para ela estão na Mente ou corpo mental. Apesar de ser o mais sutil de todos os corpos inferiores, é, sem dúvida, o que tem mais influência pelas suas qualidades como a imaginação, a memória, o intelecto, o conhecimento. A mente, como veículo do Eu Superior, pode ser um canal maravilhoso para expressar os valores superiores do Espírito, a personalidade, quando usada pelo Eu inferior com finalidades pessoais e egoístas, ela se torna escrava de um poder ilegítimo e incompetente.

      Um exemplo é o mau uso que faz do Conhecimento de todos os ramos materiais. A personalidade se apossa desses valores mentais para si, usando toda essa bagagem em seu próprio proveito e interesse. Portanto, o Conhecimento, que deveria ser um meio de expressão de valores Superiores, tornou-se uma finalidade em si mesmo, sendo desvirtuado pela Personalidade num sentido contrário aos valores superiores, que põe em risco o domínio da Personalidade.

      Desse modo, para se autopreservar, a Personalidade endeusou o Conhecimento que, sendo dirigido e controlado por ela, lhe garante o seu trono. Essa inversão de valores faz com que hoje os Gênios sejam mais aclamados que os Sábios, pois a Sabedoria põe em risco a personalidade.

      Conhecimento é tido como sinônimo de superioridade. As pessoas são medidas pela quantidade de conhecimento que têm, pelo grau de instrução, pelo título, pela cultura superficial e material. Os valores espirituais estão em segundo plano, quando o certo é o inverso.

      É interessante se observar como existe uma inversão na ordem dos valores. O conhecimento, sendo considerado erradamente como um fim em si mesmo, é admirado e adorado independente de seus frutos. Seja um remédio inventado ou uma bomba poderosa, o que é mais admirado é a técnica, a capacidade usada. Do mesmo modo, quando se inventa algo supérfluo ou de utilidade real.

      O conhecimento, como uma ferramenta, só tem valor pelos bons frutos que possa produzir e isso depende de quem usa a ferramenta. Se a Personalidade é egoísta, o resultado será um desastre.

      Se fizermos uma análise fria e desapaixonada da situação mundial, veremos o resultado do mau uso do conhecimento. Os recursos naturais que existem fossem bem aplicados, sem egoísmo, sem ambição, não faltaria trabalho para ninguém e todos viveriam com dignidade. Mas, enquanto o personalismo dominar, veremos coisas absurdas como os gastos astronômicos em armamentos para destruir a vida humana, enquanto faltam recursos em máquinas e ferramentas para que muitos trabalhem para manter a vida. Veremos uma minoria vestindo-se, comendo em excesso e gastando outro tanto em remédios para se curarem de doenças que têm pela extravagância que fazem, enquanto muitos morrem pela falta de comida e vestimenta ou de remédios para curarem doenças causadas pela desnutrição. E a lista seria muito longa e desagradável.

      Essas são as consequências que a Personalidade provoca pelo mau uso do Conhecimento. E não poderia ser de outra maneira, pois ela reage aos valores superiores que lhe derrubariam de seu trono.

      Vemos como a falta de valores pode causar desequilíbrio. Esses valores vêm do Eu Superior em nós, e têm muitos nomes: discernimento, fraternidade, intuição, e tantos outros, que são reflexos da Sabedoria.

      Sabedoria é a própria Divindade em nós, é a única que dirige e governa sem erros. A Sabedoria é a única que pode libertar a criatura do domínio da personalidade e que pode coordenar e equilibrar nosso corpo, nossas emoções e nossa mente para que eles sejam bons instrumentos na execução de uma boa obra.

Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa


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