A Sabedoria está acima dos nossos
veículos inferiores, mesmo acima da mente com a maior bagagem de conhecimentos.
O Conhecimento é apenas um meio e, por si só, não leva além do plano
material. Se
a criatura se basear apenas no Conhecimento, sem viver os valores da Sabedoria,
só vai acreditar que é o físico e, como consequência, vai viver para
o físico como sua única realidade.
É assim que o materialista convicto,
desprezando os valores da Sabedoria, entende que ele, como pessoa física, é um
fim em si mesmo e não um meio de expressão de uma realidade maior. É muito fácil confundir-se Sabedoria
com Conhecimento. E até no campo religioso essa confusão é encontrada.
O Conhecimento pode ser encontrado em
livros e ser transmitido. A Sabedoria não é transmitida, nem pode ser escrita.
É algo que pode nos tocar, mas não pode ser contida. O conhecimento
é letra morta, só permanece no exterior. A Sabedoria é a própria
vida que vivifica tudo o que toca e está no centro. Sabedoria é a vivência.
A criatura, ao ser agraciada pela
Sabedoria, não conquista algo, mas é conquistada. Ela não pode se servir
da Sabedoria, mas só deseja servi-La.
Pode parecer um escravo, mas se sentir
o mais livre dos homens.
É uma lástima que muitos grandes
homens em todas as religiões que poderiam ser verdadeiros mensageiros da
Sabedoria para a Humanidade, como exemplos vivos, ficaram cegos pela letra. E
deles já falava Alguém hoje já esquecido: Eles têm as chaves do Reino dos Céus,
mas não entram e confundem os que querem entrar. E disse ainda mais: A letra
mata, só o espírito vivifica.
Em outras palavras: o Conhecimento,
mesmo o religioso, é morto, inerte, mesmo que esteja gravado em letras de
ouro e só seja pronunciado em cerimônias solenes e em lugares secretos. Só
a Sabedoria, que é Divina, pode dar vida, a vivência, o exemplo.
Aquele que busca a Sabedoria
é semelhante ao garimpeiro que procura ouro. Vive a remexer cascalho o
tempo todo e sempre está à procura de mais cascalho para remexer. Mas,
quando encontra algum vestígio do metal precioso, por menor que seja, ele sabe
que está próximo de um grande veio, e esquece todo o cascalho remexido durante
longos anos e se dedica com atenção somente àquele ponto. As amostras que acha,
mesmo que pequenas, são de incomparável valor em relação a todas as montanhas
de cascalhos que já encontrou.
Assim faz o buscador de Sabedoria:
remexe montanhas de conhecimentos, mas deixa tudo para trás sem levar nada,
pois não encontrou o que busca. Vai em frente e continua procurando, até que vê
um pequeno brilho em certo ponto, minúsculo, mas pela luz ele sente que é
verdadeiro. Naquele momento, todo o conhecimento do mundo não tem mais valor
para ele, vai sempre naquela direção, não importa que esteja ainda longe, pois
tem certeza de que a direção é correta.
Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa
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