Por
questões didáticas, separamos em círculos concêntricos para visualizar e
entender cada parte do nosso eu pessoal ou ego. Na realidade, não existe
separação entre elas, pois formam uma unidade pessoal bem coesa que interagem
entre si e dão como resultado determinados estados de ser em nós mesmos. Esses
estados de ser são muito variáveis em cada um de nós e dependem do
comportamento e condições de cada faixa corporal atuante.
Pelo
grande domínio que nossos cinco sentidos sempre ligados ao exterior têm sobre
nós, parece impossível fechar as janelas de nossa casa e examiná-la como ela
está por dentro. Tornamo-nos viciados e polarizados pelo externo. Descuidamo-nos
de nossa fabulosa máquina biológica interior e só lhe damos atenção quando ela
dá sinais de pane: dores, aflições, traumas, questões existenciais, etc. Aí
então procuramos especialistas para remediar a situação. A prevenção pelo
auto-conhecimento não nos parece prioritária e pagamos bem caro por isso. O
caos na saúde pública é prova incontestável.
Esse
vício desequilibrado pelas sensações dos cinco sentidos é o que vamos tentar
entender para poder nos corrigir.
O
que entendemos do fabuloso mundo exterior que nos rodeia e tanto nos fascina e
domina? Entendemos primeiramente pelas informações recebidas pelos cinco
sentidos, que, pelas suas limitações e variações costumam nos enganar e
confundir. Essas sensações condicionadas são gravadas em nossa memória
cerebral, onde outros dados, como as emoções, são acumulados desde que
nascemos.
Esse
banco de dados é imenso e pode ser acessado pela habilidade que cada um de nós
desenvolveu.
Nossa
capacidade mental de raciocínio, lógica e discernimento irá usar as informações
cerebrais para planejar, decidir e comandar ações segundo o quadro mental
formado. Esse quadro mental é um reflexo, uma projeção de informações presentes
e passadas dos cinco sentidos e as emoções relativas.
Essa
tela onde tudo isso é projetado como num filme dinâmico é a realidade
individual própria, pessoal e distinta. Mesmo irmãos gêmeos, criados juntos e
no mesmo ambiente, terão realidades distintas. Conclui-se que nossas realidades
individuais são VIRTUAIS – IMAGINÁRIAS – ILUSÓRIAS. Interagimos com o Mundo
Exterior e entre nós, baseados em nossa imaginação própria. No desenho, vemos
que nossa consciência central (?) vai decidir uma ação, segundo o quadro mental
do momento, passando pelo estado emocional (e + moção/motiva a ação) para
depois haver o comando cerebral que irá atuar nos órgãos de expressão física: fala,
gestos, olhares, movimentos – para interagirmos no meio onde estamos. Esse
processo é tão rápido e automático que nossa consciência (?) não sabe avaliar
corretamente cada informação que vem do exterior e pesar a sua reação para o
exterior. É um processo quase instintivo com pouco discernimento e
auto-observação.
O
começo do auto-conhecimento necessita manter a consciência atenta e concentrada
neste processo interior. Para isso, temos que fechar as portas e janelas de
nossa casa pessoal (cinco sentidos) e acender a luz da razão e do discernimento
interior e assim começa a auto-percepção e compreensão de nossa fabulosa
máquina biológica. Um novo estado de consciência começa e veremos a VIDA de
modo consciente e não reativo como antes.
Vamos
valorizar a VIDA a partir de nós mesmos, nos conhecendo melhor, retirando os
bloqueios e traumas que nos machucam e desvalorizam. Assim, podemos nos AMAR e
AMAR NOSSOS SEMELHANTES.
Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto ilustrativa