A história da cobra da ilusão
demonstra como a verdade pode ser coberta pelo poder da ilusão. Podemos
aplicá-la para entender como nosso ego humano age para encobrir a realidade
essencial e central que somos (/) No desenho da Ilusão do Ego vemos como nossa
“realidade” individual, virtual e imaginária é formada e sustentada pelos
reflexos das informações dos sentidos exteriores. A camponesa, a dona da casa,
pode representar a nossa mente – ou espelho mental móvel – voltada para as
aparências. Uma realidade – a corda – transformou-se em uma ilusão – a cobra.
Esta falsa imagem foi projetada para fora, passando pelo corpo emocional, e
movimentando a memória e comandos cerebrais para ações físicas: palavras,
gestos, expressões, etc.
Foi criada, assim, uma reação em
cadeia: os vizinhos da camponesa, contagiados pelos seus gritos de desespero,
acreditaram na ilusão da cobra. O instinto de preservação prevaleceu sobre a
lógica, o raciocínio, o discernimento.
Quantas calamidades acontecem na
humanidade quando há uma reação em cadeia da mente, das emoções e ações físicas
descontroladas. Por exemplo: num cinema lotado, alguém grita desesperado: FOGO.
Ninguém para um instante para pensar se é fogo ou não, onde é e como fazer para
resolver o problema. O instinto é ativado e o desastre acontece. Se observarmos
no dia a dia notaremos nas pessoas atitudes instintivas e reativas que podem
produzir efeitos em quem estiver próximo.
Aí a necessidade da atenção e
conhecimento. É o exemplo da nossa história, do marido da camponesa, que até
pensou no pior pelo grande alarido, mas pelo conhecimento, venceu a resistência
da maioria e com a luz da razão (o archote) entrou na casa escura (ignorância
da mente) e retirou a ilusão do ego, a falsa cobra e a verdade (a corda)
apareceu.
Todos nós já passamos por
situações difíceis na vida por sermos envolvidos por ilusões de nossas
identidades virtuais e imaginárias. O auto-conhecimento de uma identidade mais
profunda e real pode revelar um mundo individual e exterior diferente do
trivial, corriqueiro e sustentado pela maioria como “normal”.
Os desafios são grandes. O
primeiro é conosco mesmos, procurando mover nosso espelho mental sempre focado
em sensações externas, mudando-o aos poucos para focar para nosso interior,
onde está nossa real identidade (?). Este trabalho pode ser facilitado pela
meditação do auto-conhecimento Quem Sou Eu?
Quando nossa mente receber as
primeiras luzes do Eu (?) poderemos conhecer melhor nossa casa por dentro
(corpo – memória – emoções – mente) e saber como torná-la melhor e harmoniosa.
O segundo desafio é contrariar a
maioria presa à ilusão do ego (os vizinhos da camponesa). São todas as pessoas
com quem nos relacionamos, ainda escravizadas pela ilusão do ego e que
realimentam o círculo vicioso onde a mente está sempre focadas nas sensações
dos cinco sentidos. Temos que nos relacionar e investir em amizades que possam
somar para que um círculo virtuoso incentive nosso auto-conhecimento para a
Verdade e para a LUZ. Estudos e troca de informações ajudam muito, mas a
vivência no dia a dia com atenção, concentração e reflexão é indispensável.
Temos a nosso dispor o melhor campo de aprendizado do mundo: nós mesmos (ver o
texto O Tesouro Oculto).
Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa