“ A mar Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si
mesmo”. Esse mandamento é a síntese de todos os outros do Antigo Testamento.
Podemos representar o Amor a Deus como um triângulo, em
que cada ângulo corresponde a uma característica. Não pode haver um triângulo
sem três lados e também não pode haver Amor a Deus sem suas três
características.
A primeira característica do Amor a Deus é o fato de que
não deve haver transações. Sempre que se procura algo em retribuição, não há
amor, torna-se um comércio – compra e venda. Enquanto houver a idéia de obter
tal ou qual favor em troca do nosso respeito e fidelidade, não existirá o
Verdadeiro Amor. Quando não se consegue o que se pede, deixa-se de amar. A
criatura ama e já encontra recompensa no próprio ato de Amor. Quando se vê uma
bela paisagem, nada se pede a ela e nem a paisagem nos pede coisa alguma. Mesmo
assim, a simples contemplação nos extasia.
A segunda característica do verdadeiro Amor a Deus é que
não se conhece o medo. O amor pelo medo seria como o dos seres primitivos que
adoravam os fenômenos naturais como deuses, para que não os castigassem com
catástrofes, fome e morte. O Amor é superior ao medo.
Geralmente, a educação recebida cria na personalidade
humana um sentimento de temor ao Criador, como se ele fosse um juiz pronto a
castigar. A expressão “cuidado que Deus castiga” é ainda hoje muito usada. Foi
esta a deformação do ser humano por muitos séculos e ainda continua, pela
ignorância do verdadeiro Amor a Deus. O verdadeiro Amor vence o medo.
Se alguém vai sozinho por uma rua e encontra um cão
raivoso tem medo e corre. Mas, se está acompanhado de uma criança pequena e é
atacado, o medo desaparece por amor à criança e enfrenta o perigo sem medo.
A terceira característica do Amor a Deus é que não existe
competição. Deus é o alvo máximo, sem rival. O mandamento ensina: “Amar a Deus
sobre todas as coisas.”
Não se pode amar a dois Senhores ao mesmo tempo. Esse é
um preceito bíblico. Jesus e todos os mensageiros da cristandade são unânimes e
convergentes em seus ensinamentos fundamentais. “Amar a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo” não é uma imposição, mas sim uma meta, um
indicativo de uma maneira de ser, um estado de espírito, uma sintonia de
sentimentos. Mesmo pais humanos não exigem que seus filhos os amem. Amor a Deus
é a criatura estar em sintonia com a vibração Divina. É estar em comunhão com
as energias mais elevadas da criação, energias de máxima sabedoria, de
bem-aventurança e da criatividade Divina. A expressão dessas forças divinas em
nós elevam o padrão vibratório de nossas mentes e pensamentos, nossas emoções e
sentimentos e, finalmente, a nossa capacidade criativa, concretizando em
realizações a vontade do Amor de Deus. Deixaremos de agir de modo materialista
e egoísta, passando a agir como Filhos do Amor Divino.
Seja
feita a vossa vontade e não a minha.
Texto
de Iran Waldir Kirchner
Foto
ilustrativa
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