terça-feira, 13 de novembro de 2012

Higiene mental! - Parte I

     O ser humano gosta de limpeza e da boa aparência. Procura retirar periodicamente seus resíduos corporais, pois é desagradável e perigoso conviver com as bactérias. O que é físico, concreto e palpável, é  fácil de remover, mas o mesmo já não acontece com nossa parte mental. A água e o sabão não limpam a mente, pois ela não é visível e não cheira mal, mas, mesmo assim, é desagradável.

      O ser humano se diz civilizado e racional, fazendo muita questão sobre a higiene corporal no dia-a-dia. Mas, a higiene mental ou não existe ou está em segundo plano. A insuficiência de lucidez, a serenidade precária, as neuroses, as angústias e os descontroles, tudo isso afeta o bem estar do dia-a-dia. Instintivamente, tenta-se resolver o problema quando atinge o ponto crítico, não se suportando mais, tenta-se jogar tudo para fora de qualquer maneira, sem saber o que é que incomoda e nem como se livrar daquela situação intolerável. As coisas mais simples são sempre lições preparatórias para a solução das mais complexas.
 
Em nossas casas, sabemos identificar e reconhecer uma sujeira, um resíduo que atrapalha nossos familiares. Do mesmo modo, temos que saber identificar um resíduo mental quando surge; aquele pensamento que atravessa no raciocínio, desvia a atenção e faz perder-se a concentração no objetivo desejado. Por exemplo, estou lendo agora, e um pensamento fora do assunto surge, e eu não o identifico como estranho e indesejável. Ele vai atrair minha atenção, eu sairei fora do assunto tratado, perderei a concentração mental e não entenderei nada do que foi lido. Mas se, ao contrário, assim que ele surgir for identificado claramente como um intruso indesejável, então será desmascarado e a mente o retira do caminho.

      Voltando a nossa comparação: se um lixo é encontrado no assoalho, apenas desviá-lo não resolve e nem chutá-lo para o canto, pois ele continuará atrapalhando. O que resolve e colocá-lo no seu devido lugar – a cesta de lixo. Nossa mente é muito maior que uma casa, muito mais rica e capaz. Ela pode criar em si mesma uma área para colocar os resíduos mentais que atrapalham seu bom funcionamento. E, do mesmo modo que damos comando à nossa mão para apanhar o lixo do chão e colocá-lo na cesta, a mente necessita sempre uma ordem para fazer qualquer tarefa.

      Fisicamente, sabemos que todo lixo acumulado em uma casa precisa ser periodicamente removido para fora, para que tenha um fim definitivo, e isto é racional e lógico. Mas, vamos imaginar uma situação curiosa: duas pessoas, saindo de suas casas para colocar os sacos de lixo na lixeira, se encontram e começam a mostrar o que carregam. Diz uma: – “Veja quanto lixo que eu carrego, é muita coisa para mim, leve um pouco para você, não suporto esta carga!” A outra pessoa responde: – “Mas o meu é muito maior e mais horrível do que o seu, você é que tem que me aliviar dele!” E ali ficariam até que todo o lixo fosse mostrado e ficasse espalhado, fora da lixeira. Isto realmente seria um absurdo, algo ilógico e até irracional.
 
Mas, não é exatamente isso que acontece com o ser humano quando, sufocado com tanto lixo mental e emocional, quer jogar tudo para fora, de qualquer maneira, em qualquer lugar, e em cima de quem quer que esteja próximo? Não é exatamente isso que acontece quando queremos desabafar, seja em menor ou maior grau de angústia? Mas, diriam: “É necessário botar para fora!” E é realmente, e isso periodicamente, habitualmente, para evitar que chegue a um nível perigoso e venha a transbordar. Mas, colocar para fora de modo eficiente, por vias de competência e para que tenham um destino sem volta, um fim definitivo.
Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa

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