O lixo físico é perigoso quando
fora de controle, pois se espalha e contamina. Mas a craca mental e emocional
do ser humano é muito mais perigosa, pois são resíduos de energias vivas e
ainda invisíveis e impalpáveis. Formam uma crosta compacta que envolve a
criatura sem autovigilância, asfixiando e sugando suas energias vitais. A
lucidez e o discernimento ficam precários, os sentidos confusos, a vontade
positiva vacila, os valores e os ideais são esquecidos. Com isso, desaparecem a
convicção, a fé, o idealismo e a coragem e, como conseqüência, o medo é uma
companhia constante, onde dominam o medo e o terror, o amor enfraquece, e sem
amor, sobressai o rancor e a revolta.
É nossa mente que centraliza e
processa as informações para o nosso consciente, sua participação eficiente é
vital para a real percepção da vida, para o relacionamento externo e interno,
aprendendo a conviver, melhorando o convívio. Damos importância a uma janela suja,
pois a sujeira impede a visão real do que se passa lá fora. Por isso, temos o
hábito de limpá-la periodicamente. Mas, quando a vida, vista pela janela de
nossa mente, parece confusa, cinzenta, sem sentido, ficamos de mal com a vida e
conosco mesmos. Não procuramos a razão disso e afundamos na “fossa
mental-emocional” que deixamos crescer em nós mesmos.
E isso se torna uma
rotina, um hábito que aceitamos até como “normal”. Mas será mesmo a Vida assim,
apenas por que a vemos assim? A grande maioria consola a si mesma
dizendo que sempre foi e sempre será assim! Esta “sábia” maioria de
pessoas interessa-se realmente por si própria? A limpeza das janelas, dos
assoalhos e da casa toda é mais importante que a própria criatura? Seria nossa
pele, nossa aparência, superior ao que está dentro de nós? Ou talvez, apenas
nosso corpo físico, concreto, seja importante, bastando ter uma boa aparência,
e tudo o mais não conta? O equilíbrio físico, emocional e mental é secundário?
A harmonia e a felicidade da criatura consigo mesma não é fundamental? São
estas propriedades que só uma mente em ordem pode discernir.
Vamos tentar analisar as causas que
produzem situações deploráveis no ser humano, que o levam a inverter certos
valores básicos de viver. A acomodação passiva ao menor esforço é a
primeira e a principal, pois enfraquece a ação positiva para uma melhor
condição. É muito fácil e rápido melhorar a aparência física pois isso já é um
hábito adquirido. Não é fácil e nem rápido melhorar-se o estado mental-emocional,
pois é preciso aprender e praticar para que se torne, depois, um costume
habitual. Para aprender é necessário observar, para conhecer. É cômodo e fácil
observar de nós para fora, mas para observar o observador, a nós próprios, em
nós mesmos, é necessário atenção, prática e paciência.
Esta é a segunda grande
origem dos problemas: a falta de observação de si mesmo – particular e
individual – conhecer-se melhor por dentro – é cômodo e fácil conhecer-se por
fora, todos nos ajudam para isso, pois também têm o hábito de olhar apenas para
fora. Mas, para auto-observar-se, somos só nós conosco mesmos. Se pedirmos
ajuda, a maioria dirá: “Só sei olhar para fora”, ou “Para que olhar para
dentro, se fora existem coisas mais interessantes para ver?” E assim, a ordem
dos valores permanece invertida – o observador é menos importante e menos
interessante que as coisas exteriores observadas.
E, baseada nesses fatos,
nessas circunstâncias, tirando proveito da situação, surge a terceira causa da
miséria humana interior: a falsa propaganda do consumismo insaciável – a
criatura é condicionada a pensar, sentir e agir de acordo com o que come, bebe,
fuma, veste, etc. Transforma-se em um boneco sem autodeterminação, passivo,
omisso, um objeto manipulado por interesses contrários aos verdadeiros valores
humanos.
Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa
Quando não usamos um "filtro" para o excesso de informação e nos tornamos meras "caixas de ressonancia" do que nos é empurrado a cada dia fica muito dificil olhar para dentro de si, pois nada veremos. Estaremos nos esvaziando de nós mesmos e projetando o que nos é(e permitimos)injetado, imposto e cobrado por um febre consumista q vivemos atualmente e lamentavelmente....
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