"Certo dia, à margem de um
tranqüilo lago, encontraram-se quatro irmãos: o Fogo, o Ar, a Água e a Terra.
– Quanto tempo sem nos vermos – disse
o Fogo cheio de entusiasmo, como é de sua natureza.
– É verdade – disse o Ar. É um destino
bem curioso o nosso. À custa de tanto nos prestarmos para construir formas e
mais formas, tornamo-nos escravos de nossa obra e perdemos nossa liberdade.
– Não te queixes – disse a Água, pois
estamos obedecendo à Lei, e é um Divino Prazer servir à Criação. Por outro
lado, não perdemos nossa liberdade; tu corres de um lado para outro, à tua
vontade; o irmão Fogo, entra e sai por toda parte servindo à vida e à morte. Eu
faço o mesmo.
– Em todo o caso, sou eu quem deveria
se queixar – disse a Terra – pois estou sempre imóvel e mesmo sem minha
vontade, dou voltas, sem descansar no mesmo espaço.
– Não entristeçais minha felicidade ao
ver-nos, tornou a dizer o Fogo, com discussões supérfluas. É melhor festejarmos
estes momentos em que nos encontramos fora da forma.
Cada um contou o que havia feito
durante sua longa ausência, as maravilhas que tinham construído e destruído.
Cada um se orgulhou de haver prestado para que a Vida se manifestasse através
de formas sempre mais belas e mais perfeitas. Em meio de tão grande alegria,
existia uma nuvem: o Homem. Como ele era ingrato! Haviam-no construído com seus
mais perfeitos e puros materiais, e o homem abusava deles, perdendo-os. Tiveram
desejo de retirar sua cooperação e privá-lo de realizar suas experiências no
plano físico. Porém, a nuvem dissipou-se e a alegria voltou a reinar entre os
quatro irmãos.
Aproximando-se o momento de se
separarem pensaram em deixar uma recordação que perdurasse através das idades a
felicidade de seu encontro. Resolveram criar alguma coisa especial que,
composta de fragmentos de cada um deles harmonicamente combinados, fosse também
a expressão de suas diferenças e independência e servisse de símbolo e exemplo
para o homem. Por fim, refletindo-se no lago, os quatro disseram:
– E se construíssemos uma planta cujas
raízes estivessem no fundo do lago, a haste na água e as folhas e flores fora
dela?
A idéia pareceu digna da experiência.
– Eu porei as melhores forças de
minhas entranhas – disse a Terra – e alimentarei suas raízes.
– Eu porei as melhores linfas de meus
seios – disse a Água – e farei crescer sua haste.
– Eu porei minhas melhores brisas –
disse o Ar – e tonificarei a planta.
– Eu porei todo o meu calor – disse o
Fogo – para dar às suas corolas as mais formosas cores.
Fibra sobre fibra foram construídas as
raízes, a haste, as folhas e as flores. O sol abençoou-a e a planta deu entrada
na flora regional, saudada como rainha.
Quando os quatro elementos se
separaram, a Flor de Lótus brilhava no lago em sua beleza imaculada, e servia
para o homem como símbolo da pureza e da perfeição humana." (CONTO
BUDISTA)
Lótus é o símbolo da expansão
espiritual, do sagrado, do puro. A lenda budista nos relata um ato de expansão espiritual
que todo ser humano pode alcançar utilizando-se das energias criadoras que,
combinadas, burilam suas diferenças, para que alcancem a Unidade.
A vontade de Deus quer que desapareçam
a ambição... a arrogância... a teimosia... o orgulho... e o desejo de controlar
os outros. Que a nossa alma só reflita humildade... simpatia... tolerância...
paciência e ternura.
A vontade de Deus quer que deixemos o
passado para trás e nos tornemos mais abrangentes no contato com as
pessoas, compreendendo-as e tornando-nos verdadeiros servidores.
A vontade de Deus quer que nos
ocupemos em dar o passo seguinte no serviço, sem o desejo de colher os frutos
do passado.
A vontade de Deus quer que fechemos
nossos ouvidos a todas as vozes exteriores e ouçamos nossa própria voz
interior.
A vontade de Deus quer que superemos
nossa covardia e passemos a enfrentar as situações desarmoniosas e dificuldades
utilizando ações muito mais elevadas para parar de fugir delas.
A vontade de Deus quer que eliminemos
todo o fascínio por trilhar o caminho espiritual, o fascínio egoístico pelo
poder... o fascínio que inclui a vaidade e o fanatismo que destroem todo
serviço prestado.
A vontade de Deus quer que olhemos a
humanidade como um todo e que não existam mais véus entre Deus e o homem.
Texto de Cecy Kirchner
Foto ilustrativa
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