terça-feira, 4 de junho de 2013

É hora de sermos como a flor de lotus!


     "Certo dia, à margem de um tranqüilo lago, encontraram-se quatro irmãos: o Fogo, o Ar, a Água e a Terra.

     – Quanto tempo sem nos vermos – disse o Fogo cheio de entusiasmo, como é de sua natureza.

     – É verdade – disse o Ar. É um destino bem curioso o nosso. À custa de tanto nos prestarmos para construir formas e mais formas, tornamo-nos escravos de nossa obra e perdemos nossa liberdade.

     – Não te queixes – disse a Água, pois estamos obedecendo à Lei, e é um Divino Prazer servir à Criação. Por outro lado, não perdemos nossa liberdade; tu corres de um lado para outro, à tua vontade; o irmão Fogo, entra e sai por toda parte servindo à vida e à morte. Eu faço o mesmo.

     – Em todo o caso, sou eu quem deveria se queixar – disse a Terra – pois estou sempre imóvel e mesmo sem minha vontade, dou voltas, sem descansar no mesmo espaço.

     – Não entristeçais minha felicidade ao ver-nos, tornou a dizer o Fogo, com discussões supérfluas. É melhor festejarmos estes momentos em que nos encontramos fora da forma.

     Cada um contou o que havia feito durante sua longa ausência, as maravilhas que tinham construído e destruído. Cada um se orgulhou de haver prestado para que a Vida se manifestasse através de formas sempre mais belas e mais perfeitas. Em meio de tão grande alegria, existia uma nuvem: o Homem. Como ele era ingrato! Haviam-no construído com seus mais perfeitos e puros materiais, e o homem abusava deles, perdendo-os. Tiveram desejo de retirar sua cooperação e privá-lo de realizar suas experiências no plano físico. Porém, a nuvem dissipou-se e a alegria voltou a reinar entre os quatro irmãos.

     Aproximando-se o momento de se separarem pensaram em deixar uma recordação que perdurasse através das idades a felicidade de seu encontro. Resolveram criar alguma coisa especial que, composta de fragmentos de cada um deles harmonicamente combinados, fosse também a expressão de suas diferenças e independência e servisse de símbolo e exemplo para o homem. Por fim, refletindo-se no lago, os quatro disseram:

     – E se construíssemos uma planta cujas raízes estivessem no fundo do lago, a haste na água e as folhas e flores fora dela?

     A idéia pareceu digna da experiência.

     – Eu porei as melhores forças de minhas entranhas – disse a Terra – e alimentarei suas raízes.

     – Eu porei as melhores linfas de meus seios – disse a Água – e farei crescer sua haste.

     – Eu porei minhas melhores brisas – disse o Ar – e tonificarei a planta.

     – Eu porei todo o meu calor – disse o Fogo – para dar às suas corolas as mais formosas cores.

     Fibra sobre fibra foram construídas as raízes, a haste, as folhas e as flores. O sol abençoou-a e a planta deu entrada na flora regional, saudada como rainha.

     Quando os quatro elementos se separaram, a Flor de Lótus brilhava no lago em sua beleza imaculada, e servia para o homem como símbolo da pureza e da perfeição humana." (CONTO BUDISTA)

     Lótus é o símbolo da expansão espiritual, do sagrado, do puro. A lenda budista nos relata um ato de expansão espiritual que todo ser humano pode alcançar utilizando-se das energias criadoras que, combinadas, burilam suas diferenças, para que alcancem a Unidade.

     A vontade de Deus quer que desapareçam a ambição... a arrogância... a teimosia... o orgulho... e o desejo de controlar os outros. Que a nossa alma só reflita humildade... simpatia... tolerância... paciência e ternura.

     A vontade de Deus quer que deixemos o passado para trás e nos tornemos mais abrangentes no contato com as pessoas, compreendendo-as e tornando-nos verdadeiros servidores.

     A vontade de Deus quer que nos ocupemos em dar o passo seguinte no serviço, sem o desejo de colher os frutos do passado.

     A vontade de Deus quer que fechemos nossos ouvidos a todas as vozes exteriores e ouçamos nossa própria voz interior.

     A vontade de Deus quer que superemos nossa covardia e passemos a enfrentar as situações desarmoniosas e dificuldades utilizando ações muito mais elevadas para parar de fugir delas.

     A vontade de Deus quer que eliminemos todo o fascínio por trilhar o caminho espiritual, o fascínio egoístico pelo poder... o fascínio que inclui a vaidade e o fanatismo que destroem todo serviço prestado.

     A vontade de Deus quer que olhemos a humanidade como um todo e que não existam mais véus entre Deus e o homem.
Texto de Cecy Kirchner
Foto ilustrativa

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