Um bebê, ao nascer, começa uma etapa
de sucessivos aperfeiçoamentos: a criança se desenvolve física, mental e
emocionalmente até que chega a um ponto importante de transformação, e é nesse
momento que aquela condição de criança começa a desaparecer e se inicia o
aparecimento do adolescente. A criatura é a mesma em sua identidade individual,
apenas foi necessária uma nova condição para prosseguir se aperfeiçoando e
evoluindo. A condição anterior já havia esgotado todos os recursos possíveis.
Por isso, uma nova condição com possibilidades maiores deveria surgir, a do
adolescente.
Ao deixar o estado de criança, a criatura começa a ser um adolescente, não antes disso. Da mesma forma, quando o adulto começa a se manifestar na criatura, o adolescente, que já cumpriu com seu papel, desaparece.
Ao deixar o estado de criança, a criatura começa a ser um adolescente, não antes disso. Da mesma forma, quando o adulto começa a se manifestar na criatura, o adolescente, que já cumpriu com seu papel, desaparece.
Nesses exemplos, notamos que mesmo nos
processos mais simples e naturais de aperfeiçoamento e desenvolvimento, existe
um elemento sempre presente, sem o qual não há uma seqüência de etapas de
aperfeiçoamento, seria uma espécie de sacrifício.
Vamos examinar esse sentido de
sacrifício sob outro ângulo. Quando nos referimos ao ser humano, não se trata
apenas do seu aspecto físico, mas de um conjunto de corpos formando um todo,
completo. Para simplificar, vamos nos limitar apenas aos três primeiros corpos
mais densos e que nos são mais familiares: o corpo físico, o corpo emocional ou
astral e o corpo mental concreto.
Vamos imaginar uma criatura muito
primitiva, onde predominasse a influência quase total do corpo físico, o
emocional e o mental seriam embrionários e com mínima influência. Nessa
criatura, as necessidades físicas seriam de prioridade máxima, a luta pela
sobrevivência imediata, alimentação e abrigo. Haveria um domínio do instinto
físico total.
Quando o corpo emocional começa a se
desenvolver, novas experiências ocorrem através dos sentimentos de afeição, de
competição, de ambição. O corpo físico, que antes dominava instintivamente,
começa a ser dominado pelo corpo emocional. Portanto, é pelo sacrifício do
instinto físico primitivo que o corpo emocional começa a predominar, a se
aperfeiçoar e a se desenvolver.
Quando o corpo mental já atinge
uma certa maturidade na criatura, e já existe um raciocínio ais claro e
lógico, temos novamente uma espécie de sacrifício do domínio das emoções para
que a mente se desenvolva e se aperfeiçoe. Quando o corpo mental, o intelecto,
já está altamente desenvolvido, ele predomina sobre os outros corpos – o
emocional e o físico. A mente cria e desenvolve novas emoções e sentimentos; o
corpo físico também se aperfeiçoa pelo domínio da mente. O sacrifício que nós
vemos aqui não é a extinção ou a morte do físico ou das emoções, mas uma
necessidade de limitar a imposição deles para que algo superior e latente possa
se desenvolver e se aperfeiçoar.
Como já vimos, todos nós temos,
cada um, um corpo físico, um corpo astral ou emocional e um corpo mental. Esses
três corpos formam um conjunto chamado de personalidade. Essa personalidade tem
sua atuação através dos sentidos do corpo físico, que manifestam nossas emoções
e nossos pensamentos. Portanto, é através da personalidade que atuamos numa
encarnação. A personalidade se limita a apenas uma encarnação. Mas temos
também, cada um, uma personalidade espiritual que sempre é a mesma, apesar de
se manifestar em cada encarnação com um corpo diferente, com uma personalidade
diferente. Mas sempre traz consigo certas características próprias da
individualidade espiritual que é. A personalidade é, então, um veículo
através do qual nós, individualidades espirituais, nos aperfeiçoamos pela nossa
atividade em um corpo físico, emocional e mental.
Mas nós não temos consciência do que
somos como individualidade espiritual. Temos sim uma convicção interior de que
não somos apenas o físico, as emoções e a mente pensante. E isso é fácil
de comprovar: podemos ver e sentir nosso corpo físico, podemos perceber e
analisar nossas emoções e podemos ainda notar nosso corpo mental, nossos
pensamentos, nossas idéias. Portanto, há um observador que está acima desses
corpos, que é essa individualidade espiritual que somos. Mas, por que temos dificuldade em nos
identificar como seres espirituais? É a personalidade através da qual nós
nos manifestamos que nos limita. Essa personalidade é o físico, o mental e
o emocional, e esses corpos pertencem aos três planos inferiores.
Texto de Iran Kirchner
Foto Ilustrativa
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