quinta-feira, 27 de junho de 2013

O aperfeiçoamento e o sacrifício

      Um bebê, ao nascer, começa uma etapa de sucessivos aperfeiçoamentos: a criança se desenvolve física, mental e emocionalmente até que chega a um ponto importante de transformação, e é nesse momento que aquela condição de criança começa a desaparecer e se inicia o aparecimento do adolescente. A criatura é a mesma em sua identidade individual, apenas foi necessária uma nova condição para prosseguir se aperfeiçoando e evoluindo. A condição anterior já havia esgotado todos os recursos possíveis. Por isso, uma nova condição com possibilidades maiores deveria surgir, a do adolescente.
Ao deixar o estado de criança, a criatura começa a ser um adolescente, não antes disso. Da mesma forma, quando o adulto começa a se manifestar na criatura, o adolescente, que já cumpriu com seu papel, desaparece.

Nesses exemplos, notamos que mesmo nos processos mais simples e naturais de aperfeiçoamento e desenvolvimento, existe um elemento sempre presente, sem o qual não há uma seqüência de etapas de aperfeiçoamento, seria uma espécie de sacrifício.
Vamos examinar esse sentido de sacrifício sob outro ângulo. Quando nos referimos ao ser humano, não se trata apenas do seu aspecto físico, mas de um conjunto de corpos formando um todo, completo. Para simplificar, vamos nos limitar apenas aos três primeiros corpos mais densos e que nos são mais familiares: o corpo físico, o corpo emocional ou astral e o corpo mental concreto.

Vamos imaginar uma criatura muito primitiva, onde predominasse a influência quase total do corpo físico, o emocional e o mental seriam embrionários e com mínima influência. Nessa criatura, as necessidades físicas seriam de prioridade máxima, a luta pela sobrevivência imediata, alimentação e abrigo. Haveria um domínio do instinto físico total.
Quando o corpo emocional começa a se desenvolver, novas experiências ocorrem através dos sentimentos de afeição, de competição, de ambição. O corpo físico, que antes dominava instintivamente, começa a ser dominado pelo corpo emocional. Portanto, é pelo sacrifício do instinto físico primitivo que o corpo emocional começa a predominar, a se aperfeiçoar e a se desenvolver.

Quando o corpo mental já atinge uma certa maturidade na criatura, e já  existe um raciocínio ais claro e lógico, temos novamente uma espécie de sacrifício do domínio das emoções para que a mente se desenvolva e se aperfeiçoe. Quando o corpo mental, o intelecto, já está altamente desenvolvido, ele predomina sobre os outros corpos – o emocional e o físico. A mente cria e desenvolve novas emoções e sentimentos; o corpo físico também se aperfeiçoa pelo domínio da mente. O sacrifício que nós vemos aqui não é a extinção ou a morte do físico ou das emoções, mas uma necessidade de limitar a imposição deles para que algo superior e latente possa se desenvolver e se aperfeiçoar.

Como já vimos, todos nós temos, cada um, um corpo físico, um corpo astral ou emocional e um corpo mental. Esses três corpos formam um conjunto chamado de personalidade. Essa personalidade tem sua atuação através dos sentidos do corpo físico, que manifestam nossas emoções e nossos pensamentos. Portanto, é através da personalidade que atuamos numa encarnação. A personalidade se limita a apenas uma encarnação. Mas temos também, cada um, uma personalidade espiritual que sempre é a mesma, apesar de se manifestar em cada encarnação com um corpo diferente, com uma personalidade diferente. Mas sempre traz consigo certas características próprias da individualidade espiritual que é. A personalidade é, então, um veículo através do qual nós, individualidades espirituais, nos aperfeiçoamos pela nossa atividade em um corpo físico, emocional e mental.

Mas nós não temos consciência do que somos como individualidade espiritual. Temos sim uma convicção interior de que não somos apenas o físico, as emoções e a mente pensante. E isso é fácil de comprovar: podemos ver e sentir nosso corpo físico, podemos perceber e analisar nossas emoções e podemos ainda notar nosso corpo mental, nossos pensamentos, nossas idéias. Portanto, há um observador que está acima desses corpos, que é essa individualidade espiritual que somos. Mas, por que temos dificuldade em nos identificar como seres espirituais? É a personalidade através da qual nós nos manifestamos que nos limita. Essa personalidade é o físico, o mental e o emocional, e esses corpos pertencem aos três planos inferiores. 

Texto de Iran Kirchner
Foto Ilustrativa

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