Havia uma grande caverna, onde a luz
do sol entrava por uma única abertura e projetava em suas paredes uma
infinidade de reflexos multicoloridos. Nela vivia um povo com seus afazeres
rotineiros e limitado por seus sentidos adequados pelas circunstâncias do local
e pela identificação com os reflexos, nos quais interferia pela atividade que
produzia. Ninguém se preocupava com a causa daqueles fenômenos: o sol filtrado
pela pequena abertura no topo da caverna.
De tempos em tempos, alguns se
aventuravam a sair daquele mundo, contrariando a totalidade dos moradores e
arriscando-se por caminhos íngremes que conduziam à estreita passagem.
Quando algum intrépido peregrino
atravessava a estreita passagem, era ofuscado pela luz direta, inebriado pelo
esplendor de paisagens nunca vistas. E uma grande transformação acontecia. Os
ares puros, águas cristalinas, terras férteis, alimentos renovadores temperavam
seu corpo para suportar uma nova dimensão de existência.
Com o tempo de aprendizado, manejava
energias e elementos antes desconhecidos e recordava o povo que ficara para
trás. E, num ato heróico, voltava ao mundo subterrâneo onde poucos se
recordavam dele. Ele se tornara um estranho entre sua própria raça. Falava de
um mundo novo, de uma luz imensa, onde todos se aceitavam como irmãos, sem
guerras, sem fome e sem doenças. Tudo era compartilhado e ninguém desejava além
do necessário. Alguns poucos o entenderam e a eles foi ensinado o caminho para
a luz, passando pela “porta estreita” para a libertação dos reflexos
multicoloridos e enganosos.
Entre os escolhidos, alguns chegaram
àquele reino da Luz e hoje são reverenciados como Mestres.
São convergentes seus ensinamentos e
apontam para a mesma direção. E também são unânimes quando alertam sobre os
grilhões que nos prendem à rocha da Caverna – bloqueios humanos, resistência ao
conhecimento, apegos egocêntricos a “verdades individuais”, valorização do
competir pela rejeição do compartilhar, sobreposição das divergências conflitantes
em prejuízo das convergências que unem e libertam.
Como quebrar esse círculo vicioso que
envolve a humanidade no redemoinho do materialismo? Podemos fortalecer o
círculo virtuoso desde que aqueles que detenham os conhecimentos libertadores não
se omitam, não só fiquem à porta e não entrem e não deixem ninguém
entrar, desde que tenham a humildade para compartilhar e deixar de competir
como “donos da verdade”, desde que valorizem ensinamentos de convergências que
apontam para a saída e deixem de fortalecer as divergências particulares.
Em que você investe? Alimenta e
fortalece o círculo vicioso que não vê uma saída? Aumenta a competição egoísta
em prejuízo do compartilhar fraterno? Fortalece as divergências conflitantes ou
as convergências de união e cooperação?
Seja coerente e responsável. Sua
escolha é “livre”, mas o resultado é a sua própria vida.
Foto Ilustrativa
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