Características da Devoção:
Podemos representar a Devoção como um
triângulo, onde cada ângulo corresponde a uma característica. Não pode haver um
triângulo sem três ângulos e também Devoção sem suas três
características.
A primeira característica da Devoção é
o fato de que não deve haver transações. Sempre que se procura algo em
retribuição, não há devoção, não há AMOR.
Torna-se um comércio de compra e venda. Enquanto houver a idéia de obter tal ou qual favor, em troca do nosso respeito e fidelidade, não existirá a verdadeira Devoção. Quando não se consegue o que se pede, deixa-se de amar.
Torna-se um comércio de compra e venda. Enquanto houver a idéia de obter tal ou qual favor, em troca do nosso respeito e fidelidade, não existirá a verdadeira Devoção. Quando não se consegue o que se pede, deixa-se de amar.
O Devoto adora e já encontra
recompensa no próprio ato de adoração. Quando se vê uma bela paisagem,
nada se pede a ela e nem a paisagem pede alguma coisa. Mesmo assim, a simples
contemplação torna a mente calma e elevada.
A segunda característica da Verdadeira
Devoção é que ela não conhece o medo. A devoção pelo medo seria como a dos
seres primitivos que adoravam os fenômenos naturais como deuses para que não os
castigassem com catástrofes, fome e morte. O AMOR desafia o medo.
Geralmente, a educação recebida criou
na personalidade humana um sentimento de temor ao Criador, como se Ele fosse um
juiz pronto a castigar. A expressão: “Cuidado que Deus castiga!” até hoje é
muito usada. Foi esta a deformação que as criaturas tiveram por muitos séculos
e ainda continuam tendo por ignorância do real sentido do AMOR A DEUS. Criou-se
a imagem de um deus como um tirano, mais impiedoso que um pai carrasco, pronto
a castigar, ao menor deslize, seus miseráveis servos, sentado em seu majestoso
trono, bem do alto, vigiando atentamente para lançar ao fogo do inferno quem
tentar afrontá-lo.
Esta imagem de “bicho papão” foi a
herança recebida por gerações e gerações, transmitida por aqueles que se
intitulavam transmissores da Vontade do Criador. Em consequência disso, nota-se
na maioria das criaturas, um total descrédito e abandono do sentimento
religioso.
O verdadeiro AMOR vence o medo. Se um
de nós vai só pela rua e encontra um cão raivoso, tem medo e corre. Mas,
se nos acompanha um filho pequeno e somos atacados por um cão ou até um leão, o
medo desaparece, porque o amor à criança é real e por ela enfrentamos tudo sem
medir riscos.
A terceira característica da Devoção
é que ela não tem rivalidade ou competição, pois a Causa da Devoção deve
estar acima de tudo e é Incomparável.
Embora uma forma concreta, de um
Mestre ou um grande Ser ajude alguns devotos, fornecendo às suas mentes algo
tangível para imaginar, ela não é necessária a todos. É possível
cultivar a Devoção em seu mais alto grau e dirigi-la para a Realidade Impessoal
que está oculta no interior de nossos corações. Essa Realidade é, sem dúvida,
amorfa, invisível, inaudível e, no entanto, Real e fonte de todo o
Conhecimento, Poder e Bem-aventurança. A Devoção pode ser a Ele dirigida e
desenvolvida ao mais alto grau e até mesmo ao êxtase de adoração. Desenvolver a
Devoção não é absolutamente uma questão de criar alguma coisa, mas sim retirar
o véu que a cobre, porque a Realidade que é o motivo da devoção já está
presente em todos nós e em tudo que existe, em seu pleno esplendor, do mais
Puro AMOR.
Não há dúvida de que a presença
de Deus está oculta, e que o homem comum dela está inconsciente,
devido aos seus desejos e outras tendências humanas, que mais ou menos a
obscurecem. Mas, o que está oculto pode ser revelado desde que se deseje
retirar o véu que O esconde.
O devoto deve tentar cultivar somente
o amor a Deus, pois os Grandes Seres são expressões e instrumentos da
Consciência Divina e suas graças descem sobre ele, juntamente com a graça
Divina, evitando-se, com isso, que haja uma discriminação com outros Mestres,
fora da preferência do devoto, com isso, deixando de se aproximar de outros
mananciais, expressões vivas da Divindade.
Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa
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