Prece na Devoção
A prece analisa sob o ângulo da Devoção
tem um sentido todo especial e diferente.
Existem preces para uma variedade de
ocasiões e todas têm um leve toque de Devoção, mesmo quando são lidas ou
decoradas. Muitas preces ou orações são usadas como um modo de prender a mente
num mesmo ponto pela repetição contínua e automática. Algumas são usadas para
outras circunstâncias e cada uma tem sua validade, sem a menor dúvida.
Mateus, no capítulo 6 de seu evangelho
diz: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, ora a
teu Pai que está em secreto; e teu Pai que vê em secreto, te retribuirá”
(versículo 6). O evangelista não quis dizer que temos que nos trancar num
quarto físico, mas sim que nos voltemos para dentro de nós mesmos, fechando os
sentidos externos, para contatar a Divindade interior.
Mas, quanto à Devoção é bem
diferente por um simples fato: não existe o pedido de coisa alguma, pois
é uma manifestação de alegria de quem tem tudo e sente-se radiante de
entusiasmo pelo fato. Não existe nada decorado ou escrito, pois as palavras se
desprendem espontaneamente, sem esforço ou pensamentos; não há uma maneira
especial de comportamento pré-determinado; a exaltação é tão grande que as
barreiras convencionais desaparecem; pode ocorrer choro com lágrimas de alegria
e felicidade ou risos e cânticos de louvor, ou ainda pode-se dançar como
criancinhas que brincam de roda e gritam de contentamento; pode haver pulos,
corridas e rodopios.
Isso pode parecer extravagante aos
costumes ocidentais conservadores, mas no Oriente não existem preconceitos
nesse particular.
Conclui-se que a prece, na Devoção,
é uma consequência espontânea do estado de Devoção; é um efeito e não
a causa.
A Devoção é, em si mesma, independente
das manifestações que pode provocar pois estas variam segundo a natureza do
devoto.
Não se pode também avaliar a Devoção
pelas manifestações externas, pois acontece geralmente que nada fora do comum
é percebido no exterior do devoto, mas ele pode se achar em estado de
Devoção interior e atingir o êxtase espiritual, chamado pelos orientais de
SAMADY, que é um estado supranormal da consciência, sem que demonstre isso
externamente.
Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa
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