O ser humano, tal como conhecemos
hoje, com a mente já desenvolvida e outras qualidades mais, é bem
diferente do animal pré-histórico, que foi na sua origem. E continuaria ainda
sendo um primata instintivo e errante, pouco diferente dos demais animais, se
não recebesse naquele corpo primitivo uma Unidade mais sutil e especial. Da
associação de duas unidades – uma física e instintiva e outra espiritual e
intuitiva – foi possível que um processo evolutivo muito especial começasse. E
foi graças a esta soma de unidades diferentes que nos diferenciamos entre todos
os seres da Natureza e chegamos ao que somos agora – seres humanos conscientes
de si mesmo e do mundo ao redor – sendo isso apenas um início de nossa jornada,
pois é de nossa natureza buscar sempre avançar rumo ao Infinito Desconhecido.
Se somos o que somos e pretendemos ser aquilo que idealizamos, devemos tudo
isso à presença atuante de um fator de unidade da Vida.
O ser humano, como um indivíduo,
é compelido naturalmente a unir-se a outros indivíduos. A família
é um exemplo desta tendência. Todos se sentem atraídos à convivência
familiar. As pessoas sacrificam a sua independência em viver só para si
próprias, isoladamente, e se prendem a um grupo familiar. Lutamos e nos
sacrificamos pela família onde estamos, mantendo a sua coesão e sua unidade.
Isso não é um fato fora do comum ou extraordinário, mas uma tendência geral, de
toda a maioria. O motivo desta atitude é que a família forma uma unidade
superior àquela representada pelo indivíduo isolado, é muito mais significativa
em seu valor, pois é na associação familiar, em um trabalho conjunto e
harmonizado, que o indivíduo nasce e se consolida. Uma prova da superioridade
da família em relação ao indivíduo é que pode acontecer que uma pessoa se
sacrifique para manter a unidade do conjunto e isso não é incomum; mas, pode
também a família expulsar uma de suas partes, se esta põe em risco a unidade
familiar, e isto não nos é incomum.
Vamos ampliar ainda o sentido de
Unidade que estamos tentando compreender. Se várias famílias, com atividade
diferente, têm, entre si, pontos comuns de interesses e afinidades, formarão
espontaneamente uma comunidade organizada com recursos e normas que beneficiam
a todas as famílias que a compõem. E temos já uma outra unidade muito mais
significativa e importante por sua atuação e finalidade: a Comunidade.
Progressivamente, teremos uma
seqüência de unidades interligadas que se completam entre si, formando outras
maiores. Do ser humano, a família, comunidade, estado, país, continente e
Humanidade; cada unidade dessas compreende não apenas as pessoas em si, mas o
meio ambiente que existe ao redor delas, formando condições de coexistência.
Portanto, não podemos dissociar a Humanidade composta de seres humanos, do meio
onde vive e que cooperou para seu aparecimento. Macro-unidade, que chamamos
aqui de Humanidade, compreende tudo o que existe no Planeta Terra.
Chegamos a um ponto importante que
merece pensarmos com mais profundidade e amplitude. É normal que tenhamos
dificuldades e dúvidas ao tentarmos abranger este novo conceito de Unidade tão
vasto e complexo. Não é costume comum raciocinar nestes termos, se
contarmos apenas o número de pessoas que existem sobre a Terra, é fácil de
abranger com a mente, a dificuldade está em ver tudo isso interligado entre si,
seres humanos e o meio onde estão, incluindo tudo, desde os minerais que estão
sob nossos pés, todo o tipo de vegetal que existe. Todo animal, por mais
microscópio que seja, a atmosfera que nos envolve, etc., estamos acostumados a
focalizar e analisar coisas isoladamente, em nossa vida comum, e muito pouco
nos interessamos pela interligação entre o que vemos, pois a imagem que
percebemos é apenas uma mínima fração superficial daquilo que é em realidade.
Hoje já se fala bastante sobre determinados
assuntos como fome e miséria por falta de boas condições de vida em lugares que
já foram de bom clima e fartura. Fala-se muito sobre a devastação do solo
e dos diversos tipos de poluição. Já nos preocupamos com a expansão demográfica
em certas regiões e tememos uma futura super população. É bastante comentada a
necessidade urgente da preservação do meio onde vivemos. Comenta-se até sobre a
possibilidade de uma 3ª Guerra Mundial e suas conseqüências imprevisíveis.
O ser humano, sempre mais preocupado
com coisas que vê bem perto de si, pode pensar que a situação
não é tão grave como aparenta ser, e que a imprensa sensacionalista
só procura vender suas notícias. Mas, analisando melhor, nota-se que esses
avisos são válidos como um alerta a cada criatura humana, para que tome real
consciência como parte de uma unidade que a envolve e se desiluda de que é um
ser independente e isolado como meio onde está.
Já tivemos experiência de que,
quando uma unidade, seja qual for a sua importância, é ameaçada em sua
estrutura, por uma das partes que a compõem, haverá, automaticamente, a
tendência em eliminar a parte que coloca em risco todo o conjunto. É como, por
exemplo, quando temos um órgão de nosso corpo doente, sem cura, e que nos está
contaminado, pondo em risco a nossa vida, não teremos dúvida em extirpá-lo para
preservar o conjunto que está saudável.
Portanto, se cada criatura por si
mesma não tomar consciência deste fato e não agir em harmonia com esta Lei
Universal, a lei da UNIDADE, estaremos todos nós juntos preparando condições
para uma provável extinção do elemento discordante que tenta desequilibrar a
unidade à qual pertencemos.
União é uma constante em
toda a Criação, desde o átomo até as galáxias do Universo, desde o microcosmo
até o macrocosmo, desde o mais infinito animal até a criatura humana.
De pequenas unidades a outras unidades maiores, esta é a Lei. A toda criatura é
dada a oportunidade de participar nesta Grande Obra. Estará, assim, em harmonia
dentro de uma Colossal Unidade. A Unidade da Vida, em todos os planos, nunca
foi um sonho abstrato dos Mestres, Sábios e Santos, mas uma Pura e Simples
Realidade em todos os tempos, quer aceitemos ou não.
Texto de Iran W. Kirchner
Foto Ilustrativa
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