Um imenso rio segue serenamente seu
curso rumo ao oceano. Pequenas embarcações com apenas uma pessoa navegam nesse
rio. São barcos individuais que flutuam na grande corrente que ira desaguar nas
águas infinitas. Muitos pilotos, confusos com seus instrumentos de navegação,
tentam uma rota contrária à grande corrente do rio. Desgastam suas energias em
atritos constantes, pois navegam contra a corrente e os choques são
inevitáveis.
Uma segunda parte dos navegadores – a grande maioria – já aprendeu
a não se opor à correnteza, mesmo desconhecendo para onde são levados.
Sem o objetivo maior, que é o oceano, seguem rumos particulares, navegam em ziguezague na corrente, e também se chocam entre si, surgindo os atritos e as confusões entre eles.
Sem o objetivo maior, que é o oceano, seguem rumos particulares, navegam em ziguezague na corrente, e também se chocam entre si, surgindo os atritos e as confusões entre eles.
Um terceiro grupo de navegadores, um grupo bem pequeno,
já percebeu o sentido do rio e seu objetivo. São hábeis navegadores, sabem
ajustar seus instrumentos de navegação e não desperdiçam energias com objetivos
alheios à meta principal – o oceano. Conhecem o curso correto e as dificuldades
a serem encontradas. Confiam na grande corrente do rio e somam seus valores a
todos os que têm o mesmo propósito.
Todos nós somos navegadores dentro da
Grande Corrente Evolutiva da Vida. Somos consciências encarnadas ou embarcadas
em nosso corpo material, que é o nosso instrumento de evolução e que possui os
talentos necessários para nossa jornada evolutiva. Temos que ser responsáveis
pelo uso e pelos ajustes nesses recursos que recebemos: a mente clara e bem
orientada para ter o discernimento do que se passa em nós mesmos e ao nosso
redor, emoções serenas e elevadas sintonizadas com um propósito maior e um
corpo saudável para resistir à intempéries da jornada. Quando confundimos os
nossos meios e recursos de evolução com a finalidade da própria evolução,
criamos as resistências, os bloqueios e os desvios da nossa jornada individual.
Se confundirmos nossa consciência,
nossa alma, com os instrumentos e meios materiais, iremos investir nossas
energias apenas no materialismo e sofremos o desequilíbrio conseqüente. Estamos
em nossos corpos, somos seus condutores para um propósito maior. O corpo é um
meio transitório para a evolução, mas nós, como consciências, continuamos
sempre.
Temos três escolhas, como as dos três
grupos de navegadores da nossa parábola inicial. Primeiro, poderemos ignorar a
grande corrente evolutiva cósmica e nos opormos a ela, tentando impor nossa
vontade estreita e egoísta contra tudo e contra todos. Obteremos algum
resultado passageiro, mas a catástrofe será inevitável. A história é farta em
exemplos da ruína de homens e impérios que investiram apenas no TER, nos meios
e esqueceram do SER, a evolução da consciência, da alma.
Segundo, podermos seguir a imensa
maioria, viver pelo viver e nada mais, navegar pelo simples navegar.
Desgastamos nossos talentos em frivolidades materiais e passageiras, trocando
de objetivo a todo instante, em ziguezague pela vida, não sabendo o que
queremos e muito menos por que existimos. As coisas materiais podem estar às
mil maravilhas, mas serão sempre insuficientes para aplacar nossa fome, nossa
ganância. É o sinal do clamor de nossas consciências, de nossas almas famintas
de evolução e esclarecimento.
A terceira escolha é, sem dúvida, a
melhor, a mais coerente com o processo evolutivo amplo e não restrito e
desequilibrado. Os Grandes Mestres da Humanidade deixaram indicativos de rotas
seguras e precisas a todos os navegantes que buscam o Grande Oceano, a Terra da
bem-aventurança, o Paraíso Perdido. Certas aferições são necessárias em nossos
talentos de evolução. A ciência e a religião devem abdicar das pompas de “donos
da verdade” e caminhar juntos, em compartilhar valores convergentes e não
enfatizar pormenores conflitantes que dividem e desagregam.
Somos aprendizes da
Grande Jornada Evolutiva, evoluímos juntos e com tudo o que nos envolve.
Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa
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