O desequilíbrio (Parte II)
Com isso, surgiu o usurpador do direito, o
impostor que se auto-elegeu diretor sem qualidades para isso – o impostor tem o
nome de Personalidade.
Pode-se entender a razão para o
desequilíbrio das criaturas dominadas pela personalidade. É uma falsa
identidade sem diretrizes definidas, apenas servindo de testa de ferro aos
interesses secundários dos corpos inferiores. E como eles também não têm a
visão superior para se auto-dirigir para um trabalho de conjunto, o ser humano
fica como dividido, sofrendo a imposição de tendências diferentes.
O físico vai
se impor pelas suas necessidades, quer sejam fundamentais ou superficiais, o
máximo de conforto, com alimentação excessiva e o mínimo de esforço e
atividade. O emocional, sempre vibrante, procurará sempre as mais fortes
emoções, não importando que com isso prejudique os outros corpos. O mental,
livre, sem uma direção superior, será sempre um sonhador, imaginando castelos
de areia, tentando realizar sonhos impossíveis e, com isso, arrasta o físico e
as emoções para situações penosas. E o próprio corpo Mental ficará frustrado e
melancólico, pois seus companheiros não podem acompanhar sempre os devaneios da
mente sonhadora.
Assim, pode-se entender o
porquê de tanta instabilidade e incoerência nas pessoas; a soma de
influências tão variáveis, dependendo da predominância de uma das três, vai
provocar mudanças bruscas na personalidade de uma hora para outra. É o que se
nota de um modo tão comum entre as pessoas, que até é considerado como coisa
normal: poucos se entendem e, na maioria, ninguém entende ninguém e só mantém
as aparências por imposição das circunstâncias, em outras palavras, à força.
E isso é tudo uma conseqüência
muito lógica e evidente: se cada ser humano pouco ou nada conhece de si mesmo,
jamais vai se entender e muito menos a seus semelhantes.
É neste ponto que a Teosofia tem um
papel muito importante, oferecendo recursos para que o indivíduo se conheça
melhor, com profundidade. Cada criatura é um mundo diferente e fantástico,
portanto não existe uma receita milagrosa para todos. Existem, sim, marcos que
servem de referência apenas, cada um tem como tarefa descobrir por si mesmo os
caminhos individuais. Isso não cai do céu gratuitamente e não é possível “fazer
cola” ou copiar, pois o que serve para um pode ser contraindicado para outro.
Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto
Ilustrativa