quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Um novo ciclo!

   
  A Natureza apresenta fenômenos cíclicos constantes para a sua preservação e evolução. As estações anuais se repetem e influenciam a flora e a fauna de todo o planeta. Os dias se sucedem com fases diurnas e noturnas. O fluxo das marés são bem marcantes e nos obrigam a adaptarmos a ele as atividades marítimas. As fases da lua constantemente afetam tanto as plantas como os animais. Nós, seres humanos, envolvidos nos afazeres rotineiros, ficamos alheios a esses ciclos naturais e pensamos estar separados dessas influências ou até poder dominá-las.

     Grande engano pelo nosso egocentrismo, pois estamos integrados com essas influências naturais e cíclicas que nos envolvem. O processo atua não só externamente, mas internamente em nosso próprio corpo. 

Nossa respiração não é linear, mas alternada com a inspiração e a expiração, portanto, é cíclica. Nosso coração, com sístole e diástole, forma um ciclo completo que impulsiona o sangue em todo o corpo em sincronia. O sistema digestivo obedece a fases exatas que formam o ciclo de nossa manutenção orgânica. Temos períodos alternados de atividade e repouso, vitais para o nosso equilíbrio. Quer queiramos ou não, estamos envolvidos por ritmos cíclicos da vida, uns de maior duração, intercalados por outros menores, mas em perfeito sincronismo, formando uma imensa espiral ascendente rumo à evolução. Desde o minúsculo átomo até os sistemas solares que formam a nossa galáxia, estão envolvidos por essa sinfonia rodopiante de ciclos do ritmo criador.

     Tem um ditado popular que diz: não devemos remar contra a maré. E outro: Navegar de vento em popa. Isso demonstra naturalmente que devemos aproveitar as fases favoráveis de determinado ciclo e não nos desgastarmos fazendo oposição. Podemos aprender muito com os animais que instintivamente acompanham os ciclos da natureza.

     Pela auto-observação teremos o autoconhecimento de nossa máquina humana que sempre nos envia os sinais internos de suas fases cíclicas corporais, emocionais e mentais. Podemos escolher estarmos em sincronismo com nosso ritmo individual e aproveitarmos o melhor rendimento ou nos violentarmos tentando impor padrões contrários ao nosso ciclo vital e sofrermos as reações inevitáveis. “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo”, já ensinava a filosofia antiga.

     Estamos iniciando um novo ano, ou seja, um novo ciclo Solar que dura um ano, formado por ciclos menores que são as quatro estações anuais. Cada estação contém ciclos mensais ou lunares, aproximadamente. Os meses se compõem de ciclos semanais e esses, de ciclos diários, que são os giros do Planeta em seu próprio eixo. Tudo no Universo segue um ritmo de Leis cíclicas, um “Relógio Universal” regula cada movimento, cada energia, cada mineral, cada vegetal e cada animal. 

Seremos nós, seres humanos, uma exceção a essa Norma Universal? Seremos nós o centro do Universo e os donos da verdade? A Perfeição cíclica nos envolve e queremos criar um mundo à parte, alheio à Totalidade Máxima, sem sincronismo e sintonia. Estaremos conseguindo isso realmente? A resposta está em nós mesmos e em nossa volta. Temos ouvidos para ouvir, olhos para ver e entendimento para compreender.
     Encontre-se e realize-se neste Novo Ano, em sintonia de pensamentos, sentimentos e atos com o TODO!

Texto de Iran Waldir Kirchner 
Foto ilustrativa


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Do conhecimento à sabedoria!

Um sábio professor ensinava seus alunos ávidos de conhecimento, mas sentia-se frustrado por não poder transmitir-lhes algo mais elevado para orientá-los em suas vidas após concluírem a formação acadêmica. Imaginou, então, uma tarefa para toda a classe que pudesse ajudá-los no exercício futuro de suas atividades.

     Disse-lhes:
     – Quero que toda a classe faça um trabalho em conjunto sobre uma determinada fruta que, sendo especial por suas qualidades, é também muito rara. É uma tarefa muito complexa, mas vocês têm todos os recursos para fazer um verdadeiro tratado sobre este alimento.

     Toda a classe ficou entusiasmada, pois poderiam melhorar muito a média de suas notas finais. Os alunos dividiram-se em grupos para pesquisar com maior profundidade cada detalhe técnico daquela maravilhosa fruta. Saíram para as bibliotecas, livrarias e entraram até na internet em busca de informações técnicas as mais precisas e completas. Após dias de trabalho, reuniram-se e organizaram todos os conhecimentos coletados em um só volume e apresentaram orgulhosos ao professor, ansiosos pela nota de avaliação.

     O professor examinou todos os detalhes com muita atenção, fazendo expressões de admiração pelas minúcias encontradas, provocando o entusiasmo de toda a classe. Levantou-se solenemente, foi para perto dos alunos com o volumoso tratado nas mãos, e disse:
     – Ótimo trabalho, muito bom mesmo, rico em detalhes técnicos a respeito da nossa preciosa fruta. Só mais um ponto necessário para obterem a nota máxima: onde está nossa maravilhosa fruta? Quem de vocês saboreou-a para nos contar sua experiência?

     Toda a classe ficou muda e pasma. Ninguém teve a ideia de saborear a fruta e todos reconheceram a grande falha cometida.
     O professor, dirigindo-se aos alunos, disse:

     – Vocês passarão alguns dias em companhia de um modesto agricultor que cultiva essa fruta há anos e se alimenta dela. Ele vai complementar o conhecimento teórico de vocês com sua vivência prática e sua sabedoria. Então, farei a avaliação de suas experiências.

     Todos nós nos iludimos com o acúmulo de conhecimentos teóricos. Nosso orgulho é alimentado e cresce e ficamos bloqueados. Não aproveitamos a melhor parte – a vivência direta do conhecimento que vem a ser a verdadeira sabedoria.

     Na humanidade, existe uma carência muito grande da verdadeira Sabedoria, apesar de muitos sábios terem deixado exemplos de vida. Estamos – quase todos – abarrotados de conhecimentos em todos os níveis, mas a aplicação sábia é muito pouca. Sofremos nossas crises existenciais que a medicina tradicional não soluciona. Nossas almas estão tolhidas pelo intelectualismo superficial e deixamos de fluir nossa real natureza. Vivemos pela metade e não em nossa plenitude. O Sábio dos Sábios já alertava: “Apenas a letra mata, é o espírito da letra que vivifica”. E sobre os intelectuais da sua época apontava: “Eles colocam fardos pesados e muitas obrigações ao povo, mas não cumprem uma vírgula sequer”. E ainda: Eles têm as chaves do Reino da Bem-aventurança, não entram e confundem com exterioridades os que querem entrar.” Foi muito mais direto ainda quando disse: “São semelhantes aos túmulos caiados por fora, mas dentro só existe a podridão.”


     O conhecimento é apenas um meio, um recurso mais rápido para chegar à Sabedoria, que dá a verdadeira vivência completa – a do corpo e da alma.

Texto de Iran Waldir Kirchner 
Foto Ilustrativa 

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Adoração ao conhecimento (Parte II)

 
 O homem que não se deixa conquistar pela Sabedoria é como um barco que recusa um comandante – quando não se destrói, fica sempre vagando sem rumo. A Sabedoria desperta a criatura para sua verdadeira identidade como Ser Imortal que é, parte de uma Unidade Infinita. É por isso que os valores superiores sempre têm um sentido de Unidade, de união das criaturas, nunca de separação.

      A Sabedoria está acima dos nossos veículos inferiores, mesmo acima da mente com a maior bagagem de conhecimentos. O Conhecimento é  apenas um meio e, por si só, não leva além do plano material.   Se a criatura se basear apenas no Conhecimento, sem viver os valores da Sabedoria, só vai acreditar que é o físico e, como consequência, vai viver para o físico como sua única realidade.

      É assim que o materialista convicto, desprezando os valores da Sabedoria, entende que ele, como pessoa física, é um fim em si mesmo e não um meio de expressão de uma realidade maior.  É muito fácil confundir-se Sabedoria com Conhecimento. E até no campo religioso essa confusão é encontrada.

     O Conhecimento pode ser encontrado em livros e ser transmitido. A Sabedoria não é transmitida, nem pode ser escrita. É algo que pode nos tocar, mas não pode ser contida. O conhecimento é letra morta, só permanece no exterior. A Sabedoria é a própria vida que vivifica tudo o que toca e está no centro. Sabedoria é a vivência.

      A criatura, ao ser agraciada pela Sabedoria, não conquista algo, mas é conquistada. Ela não pode se servir da Sabedoria, mas só  deseja servi-La.
      Pode parecer um escravo, mas se sentir o mais livre dos homens.
      É uma lástima que muitos grandes homens em todas as religiões que poderiam ser verdadeiros mensageiros da Sabedoria para a Humanidade, como exemplos vivos, ficaram cegos pela letra. E deles já falava Alguém hoje já esquecido: Eles têm as chaves do Reino dos Céus, mas não entram e confundem os que querem entrar. E disse ainda mais: A letra mata, só o espírito vivifica.

      Em outras palavras: o Conhecimento, mesmo o religioso, é morto, inerte, mesmo que esteja gravado em letras de ouro e só seja pronunciado em cerimônias solenes e em lugares secretos. Só a Sabedoria, que é Divina, pode dar vida, a vivência, o exemplo.

      Aquele que busca a Sabedoria é semelhante ao garimpeiro que procura ouro. Vive a remexer cascalho o tempo todo e sempre está à procura de mais cascalho para remexer. Mas, quando encontra algum vestígio do metal precioso, por menor que seja, ele sabe que está próximo de um grande veio, e esquece todo o cascalho remexido durante longos anos e se dedica com atenção somente àquele ponto. As amostras que acha, mesmo que pequenas, são de incomparável valor em relação a todas as montanhas de cascalhos que já encontrou.

      Assim faz o buscador de Sabedoria: remexe montanhas de conhecimentos, mas deixa tudo para trás sem levar nada, pois não encontrou o que busca. Vai em frente e continua procurando, até que vê um pequeno brilho em certo ponto, minúsculo, mas pela luz ele sente que é verdadeiro. Naquele momento, todo o conhecimento do mundo não tem mais valor para ele, vai sempre naquela direção, não importa que esteja ainda longe, pois tem certeza de que a direção é correta.

Texto de Iran Waldir Kirchner
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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Adoração ao conhecimento (Parte I)

Há  necessidade de uma vigilância constante, pois a personalidade usa de todos os recursos para se manter no poder, para se impor, e os recursos mais preciosos para ela estão na Mente ou corpo mental. Apesar de ser o mais sutil de todos os corpos inferiores, é, sem dúvida, o que tem mais influência pelas suas qualidades como a imaginação, a memória, o intelecto, o conhecimento. A mente, como veículo do Eu Superior, pode ser um canal maravilhoso para expressar os valores superiores do Espírito, a personalidade, quando usada pelo Eu inferior com finalidades pessoais e egoístas, ela se torna escrava de um poder ilegítimo e incompetente.

      Um exemplo é o mau uso que faz do Conhecimento de todos os ramos materiais. A personalidade se apossa desses valores mentais para si, usando toda essa bagagem em seu próprio proveito e interesse. Portanto, o Conhecimento, que deveria ser um meio de expressão de valores Superiores, tornou-se uma finalidade em si mesmo, sendo desvirtuado pela Personalidade num sentido contrário aos valores superiores, que põe em risco o domínio da Personalidade.

      Desse modo, para se autopreservar, a Personalidade endeusou o Conhecimento que, sendo dirigido e controlado por ela, lhe garante o seu trono. Essa inversão de valores faz com que hoje os Gênios sejam mais aclamados que os Sábios, pois a Sabedoria põe em risco a personalidade.

      Conhecimento é tido como sinônimo de superioridade. As pessoas são medidas pela quantidade de conhecimento que têm, pelo grau de instrução, pelo título, pela cultura superficial e material. Os valores espirituais estão em segundo plano, quando o certo é o inverso.

      É interessante se observar como existe uma inversão na ordem dos valores. O conhecimento, sendo considerado erradamente como um fim em si mesmo, é admirado e adorado independente de seus frutos. Seja um remédio inventado ou uma bomba poderosa, o que é mais admirado é a técnica, a capacidade usada. Do mesmo modo, quando se inventa algo supérfluo ou de utilidade real.

      O conhecimento, como uma ferramenta, só tem valor pelos bons frutos que possa produzir e isso depende de quem usa a ferramenta. Se a Personalidade é egoísta, o resultado será um desastre.

      Se fizermos uma análise fria e desapaixonada da situação mundial, veremos o resultado do mau uso do conhecimento. Os recursos naturais que existem fossem bem aplicados, sem egoísmo, sem ambição, não faltaria trabalho para ninguém e todos viveriam com dignidade. Mas, enquanto o personalismo dominar, veremos coisas absurdas como os gastos astronômicos em armamentos para destruir a vida humana, enquanto faltam recursos em máquinas e ferramentas para que muitos trabalhem para manter a vida. Veremos uma minoria vestindo-se, comendo em excesso e gastando outro tanto em remédios para se curarem de doenças que têm pela extravagância que fazem, enquanto muitos morrem pela falta de comida e vestimenta ou de remédios para curarem doenças causadas pela desnutrição. E a lista seria muito longa e desagradável.

      Essas são as consequências que a Personalidade provoca pelo mau uso do Conhecimento. E não poderia ser de outra maneira, pois ela reage aos valores superiores que lhe derrubariam de seu trono.

      Vemos como a falta de valores pode causar desequilíbrio. Esses valores vêm do Eu Superior em nós, e têm muitos nomes: discernimento, fraternidade, intuição, e tantos outros, que são reflexos da Sabedoria.

      Sabedoria é a própria Divindade em nós, é a única que dirige e governa sem erros. A Sabedoria é a única que pode libertar a criatura do domínio da personalidade e que pode coordenar e equilibrar nosso corpo, nossas emoções e nossa mente para que eles sejam bons instrumentos na execução de uma boa obra.

Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa