quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Se desejas ser feliz


A felicidade é, além de uma aspiração natural, um direito que temos.

     Muitas vezes nos perguntamos: o que fazer para ser feliz? Existe a felicidade?

     Nos momentos em que nos sentimos tristes, parece que a felicidade é  um bem inalcançável. Esquecemos de todas as coisas boas que nos rodeiam e só pensamos em nosso problema. Aí reside o grande erro. Se nos fixamos nos maus momentos, nas sombras, nossos olhos não conseguem enxergar o outro lado da situação – o bom.

     Este inspirador texto mostra isso muito bem:

     “Se desejas ser feliz, vive cada momento de forma integral, reunindo as cotas de alegria, de esperança, de sonho, de bênção, num painel plenificador.

     As ocorrências de dor são experiências para as de saúde e de paz.

     A felicidade não são coisas: é um estado interno, uma emoção.

     Abençoas os acidentes de percurso, que denominas como desdita, segue na direção das metas, e verás quantas concessões de felicidade pela frente, aguardando por ti. Quem avança monte acima, pisa pedregulhos que ferem os pés, mas também flores miúdas e verdejante relva, que teimam em nascer ali colocando beleza no chão. Reúne essas florzinhas em um ramalhete, toma das pedras pequeninas fazendo colares, e descobrirás que, para a criatura ser feliz basta amar e saber discernir, nas coisas e nos sucessos da marcha, a vontade de Deus e as necessidades para a evolução. (Joana de Ângelis)”

     Certa vez, uma amiga me disse que não tinha problemas em sua vida, somente experiências. É verdade. Se pensarmos nos problemas como experiências, eles se tornam mais fáceis de resolver e são aproveitados para nosso crescimento. Isso faz com que vivamos integralmente todos os momentos de nossa vida, sempre aproveitando as lições que eles nos trazem. Essas lições – como na escola – precisam ser aprendidas para que “passemos de ano”.

     Encarar a vida com otimismo faz parte da receita para a verdadeira felicidade.

     Observar a beleza que nos rodeia, sentir o perfume das flores, acompanhar o vôo de uma colorida borboleta, sentir o amor que um animalzinho pode nos inspirar, dar um forte abraço, participar das brincadeiras de uma criança, ver um lindo pôr-do-sol, tudo isso faz parte de nossa vida. Basta saber olhar...

     Pequeninas coisas podem se tornar grandes, é só querermos.

     Se pensarmos bem, veremos que a felicidade está dentro de nós mesmos, é a maneira de encararmos a vida, é a maneira de nos posicionarmos diante dela.

     Para ser feliz basta um “mínimo” que, se bem aproveitado, pode ser tornar um “tudo”.

     Mudar a maneira de ver o mundo pode ser a chave de todos os nossos problemas (ou experiências...). Vamos mudar? 
 
Texto de Cecy Kirchner
Foto ilustrativa

domingo, 25 de novembro de 2012

Higiene Mental – Parte III


E esta é a grande ilusão que envolve a criatura menos avisada, fazendo com que ela acredite que a felicidade está fora dela mesma, que a felicidade é comprada naquilo que se come, veste e usa. Reduzir o ser humano a uma pequena pele que contém um estômago e um sexo e nada mais é violentar a si mesmo no que é mais precioso e fundamental – a natureza interior. Esse desconhecido ser-consciência que somos não aceita nada estranho à felicidade inerente a si mesmo. Tentar colocar a felicidade fora de nós mesmos, do nosso íntimo, é como querer mudar o eixo de sustentação de uma grande roda em movimento – perdemos o equilíbrio, a harmonia e a felicidade do viver.
 
O que realmente é necessário é colocarmos para fora, sempre, freqüentemente, o lixo mental-emocional que aparece pela nossa atividade diária. Esse sim é nefasto e perigoso, como já vimos, e principalmente pelo fato de que ele nos cega e nos desvia do caminho para nossa real felicidade que está muito perto, próxima demais, dentro demais. Mas, pela nossa desorientação e confusão não a percebemos e nos afastamos dela procurando-a no sentido contrário, fora de nós mesmos. E, dessa maneira, criamos a ilusão de uma falsa felicidade – a felicidade-objeto, uma satisfação passageira quando conseguimos algo desejado. E aí acontece que recebemos aquilo tão esperado e desaparece nossa ansiedade, nossas preocupações exteriores e nos sentimos bem, serenos, voltamos para nós mesmos. É esta aproximação para a nossa real natureza (Ser-Consciência-Felicidade) – que nos dá aquela alegria sentida, e não o objeto que recebemos de fora.
 
Se isso fosse verdade, aquela alegria não seria temporária, mas permanente e cada vez acrescida pelo recebimento de novas coisas exteriores. Mas, isso não acontece, pois a felicidade-objeto logo desaparece ao reiniciarmos um novo ciclo. Um novo objeto é desejado, o que não é problema em si. A questão é o querer ligar felicidade a algo exterior. Com isso, nós nos deslocamos para fora e para longe do nosso centro de consciência, perdemos contato com nossos valores interiores, com a nossa própria essência, voltamos as costas para a Felicidade Real e vamos em busca de uma felicidade-objeto falsa.

      É esta a condição do ser humano em quase a sua totalidade. É tão grande e tão expressiva que pode parecer normal, mas não é, o que é, na realidade, é a violação de uma lei natural e permanente. A Felicidade é uma parte integrante da criatura, indispensável, insubstituível. Sem ela, somos inferiores aos animais. Os fatos em si mesmos comprovam esta lei, a humanidade sofre durante as conseqüências.

      O problema parece insolúvel, mas não é. Algumas poucas, mas grandes criaturas já ensinavam desde milênios: Onde está o veneno, ali também está o contra-veneno. A criatura humana é,  por si mesma, o caminho, a verdade e a vida. Busque e encontrarás, bata e a porta se abrirá. Mas o caminho é áspero e estreito. Na literatura de todos os povos, em todos os tempos, encontramos indicadores precisos e que apontam na mesma direção – para dentro da própria criatura, na sua essência, no seu fundamento, na sua consciência.
 
Caminhos exteriores à criatura existem aos milhares, mas para o interior somente a própria criatura, em si mesma, poderá descobrir. Ninguém de fora, por melhor que seja, pode nos carregar para o nosso templo interior, mas no templo HÁ ALGO que pode mostrar a senda até lá, mas o trabalho de caminhar, de bater à porta é de cada um consigo mesmo. O pedido é íntimo e particular, em segredo, com as portas e janelas fechadas (os sentidos fechados para fora e voltados para dentro). A Prece é a comunicação com Aquele Algo Superior em nós e a resposta virá na meditação do Silêncio. Orai e vigiai – é o ensinamento. Para vigiar, deve-se estar atento e muito quieto e assim será ouvida a Voz do Coração 
 
Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa

 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Higiene Mental – Parte II


O lixo físico é perigoso quando fora de controle, pois se espalha e contamina. Mas a craca mental e emocional do ser humano é muito mais perigosa, pois são resíduos de energias vivas e ainda invisíveis e impalpáveis. Formam uma crosta compacta que envolve a criatura sem autovigilância, asfixiando e sugando suas energias vitais. A lucidez e o discernimento ficam precários, os sentidos confusos, a vontade positiva vacila, os valores e os ideais são esquecidos. Com isso, desaparecem a convicção, a fé, o idealismo e a coragem e, como conseqüência, o medo é uma companhia constante, onde dominam o medo e o terror, o amor enfraquece, e sem amor, sobressai o rancor e a revolta.

      É nossa mente que centraliza e processa as informações para o nosso consciente, sua participação eficiente é vital para a real percepção da vida, para o relacionamento externo e interno, aprendendo a conviver, melhorando o convívio. Damos importância a uma janela suja, pois a sujeira impede a visão real do que se passa lá fora. Por isso, temos o hábito de limpá-la periodicamente. Mas, quando a vida, vista pela janela de nossa mente, parece confusa, cinzenta, sem sentido, ficamos de mal com a vida e conosco mesmos. Não procuramos a razão disso e afundamos na “fossa mental-emocional” que deixamos crescer em nós mesmos.
 
E isso se torna uma rotina, um hábito que aceitamos até como “normal”. Mas será mesmo a Vida assim, apenas por que a vemos assim? A grande maioria consola a si mesma dizendo que sempre foi e sempre será assim! Esta “sábia” maioria de pessoas interessa-se realmente por si própria? A limpeza das janelas, dos assoalhos e da casa toda é mais importante que a própria criatura? Seria nossa pele, nossa aparência, superior ao que está dentro de nós? Ou talvez, apenas nosso corpo físico, concreto, seja importante, bastando ter uma boa aparência, e tudo o mais não conta? O equilíbrio físico, emocional e mental é secundário? A harmonia e a felicidade da criatura consigo mesma não é fundamental? São estas propriedades que só uma mente em ordem pode discernir.  

      Vamos tentar analisar as causas que produzem situações deploráveis no ser humano, que o levam a inverter certos valores básicos de viver. A acomodação passiva ao menor esforço é a primeira e a principal, pois enfraquece a ação positiva para uma melhor condição. É muito fácil e rápido melhorar a aparência física pois isso já é um hábito adquirido. Não é fácil e nem rápido melhorar-se o estado mental-emocional, pois é preciso aprender e praticar para que se torne, depois, um costume habitual. Para aprender é necessário observar, para conhecer. É cômodo e fácil observar de nós para fora, mas para observar o observador, a nós próprios, em nós mesmos, é necessário atenção, prática e paciência.
 
Esta é a segunda grande origem dos problemas: a falta de observação de si mesmo – particular e individual – conhecer-se melhor por dentro – é cômodo e fácil conhecer-se por fora, todos nos ajudam para isso, pois também têm o hábito de olhar apenas para fora. Mas, para auto-observar-se, somos só nós conosco mesmos. Se pedirmos ajuda, a maioria dirá: “Só sei olhar para fora”, ou “Para que olhar para dentro, se fora existem coisas mais interessantes para ver?” E assim, a ordem dos valores permanece invertida – o observador é menos importante e menos interessante que as coisas exteriores observadas.
 
E, baseada nesses fatos, nessas circunstâncias, tirando proveito da situação, surge a terceira causa da miséria humana interior: a falsa propaganda do consumismo insaciável – a criatura é condicionada a pensar, sentir e agir de acordo com o que come, bebe, fuma, veste, etc. Transforma-se em um boneco sem autodeterminação, passivo, omisso, um objeto manipulado por interesses contrários aos verdadeiros valores humanos.

Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Higiene mental! - Parte I

     O ser humano gosta de limpeza e da boa aparência. Procura retirar periodicamente seus resíduos corporais, pois é desagradável e perigoso conviver com as bactérias. O que é físico, concreto e palpável, é  fácil de remover, mas o mesmo já não acontece com nossa parte mental. A água e o sabão não limpam a mente, pois ela não é visível e não cheira mal, mas, mesmo assim, é desagradável.

      O ser humano se diz civilizado e racional, fazendo muita questão sobre a higiene corporal no dia-a-dia. Mas, a higiene mental ou não existe ou está em segundo plano. A insuficiência de lucidez, a serenidade precária, as neuroses, as angústias e os descontroles, tudo isso afeta o bem estar do dia-a-dia. Instintivamente, tenta-se resolver o problema quando atinge o ponto crítico, não se suportando mais, tenta-se jogar tudo para fora de qualquer maneira, sem saber o que é que incomoda e nem como se livrar daquela situação intolerável. As coisas mais simples são sempre lições preparatórias para a solução das mais complexas.
 
Em nossas casas, sabemos identificar e reconhecer uma sujeira, um resíduo que atrapalha nossos familiares. Do mesmo modo, temos que saber identificar um resíduo mental quando surge; aquele pensamento que atravessa no raciocínio, desvia a atenção e faz perder-se a concentração no objetivo desejado. Por exemplo, estou lendo agora, e um pensamento fora do assunto surge, e eu não o identifico como estranho e indesejável. Ele vai atrair minha atenção, eu sairei fora do assunto tratado, perderei a concentração mental e não entenderei nada do que foi lido. Mas se, ao contrário, assim que ele surgir for identificado claramente como um intruso indesejável, então será desmascarado e a mente o retira do caminho.

      Voltando a nossa comparação: se um lixo é encontrado no assoalho, apenas desviá-lo não resolve e nem chutá-lo para o canto, pois ele continuará atrapalhando. O que resolve e colocá-lo no seu devido lugar – a cesta de lixo. Nossa mente é muito maior que uma casa, muito mais rica e capaz. Ela pode criar em si mesma uma área para colocar os resíduos mentais que atrapalham seu bom funcionamento. E, do mesmo modo que damos comando à nossa mão para apanhar o lixo do chão e colocá-lo na cesta, a mente necessita sempre uma ordem para fazer qualquer tarefa.

      Fisicamente, sabemos que todo lixo acumulado em uma casa precisa ser periodicamente removido para fora, para que tenha um fim definitivo, e isto é racional e lógico. Mas, vamos imaginar uma situação curiosa: duas pessoas, saindo de suas casas para colocar os sacos de lixo na lixeira, se encontram e começam a mostrar o que carregam. Diz uma: – “Veja quanto lixo que eu carrego, é muita coisa para mim, leve um pouco para você, não suporto esta carga!” A outra pessoa responde: – “Mas o meu é muito maior e mais horrível do que o seu, você é que tem que me aliviar dele!” E ali ficariam até que todo o lixo fosse mostrado e ficasse espalhado, fora da lixeira. Isto realmente seria um absurdo, algo ilógico e até irracional.
 
Mas, não é exatamente isso que acontece com o ser humano quando, sufocado com tanto lixo mental e emocional, quer jogar tudo para fora, de qualquer maneira, em qualquer lugar, e em cima de quem quer que esteja próximo? Não é exatamente isso que acontece quando queremos desabafar, seja em menor ou maior grau de angústia? Mas, diriam: “É necessário botar para fora!” E é realmente, e isso periodicamente, habitualmente, para evitar que chegue a um nível perigoso e venha a transbordar. Mas, colocar para fora de modo eficiente, por vias de competência e para que tenham um destino sem volta, um fim definitivo.
Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa