sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Meditação (Parte IV)

Comentários:

        
    A meditação, no sentido filosófico, é uma prece ou oração melhor elaborada com recursos apropriados. Assim como ORAR, do ORO = abrir; meditar é achar um meio, uma ligação.

            Os recursos apropriados são para preparar os instrumentos da meditação: os sentidos exteriores físicos e os interiores, pensamentos, sentimentos e relaxamento. Pensar, sentir, agir, ver, ouvir, inspirar e expirar deverão seguir um alinhamento cada vez melhor para somar em resultados concentrados e não diluir.

           


  Um lugar habitual, recinto reservado e seguro, predispõe à descontração e bem-estar, criando uma energia ambiente realimentada pelas práticas diárias.

            A música suave induz à concentração e aquieta as emoções. Incensos e perfumes atuam nos elementos dos ares e harmonizam o ambiente.

            Uma leitura inicial eleva a consciência acima dos assuntos corriqueiros do dia-a-dia, das fixações e condicionamentos.

            Não é recomendável alimentação antes da meditação e nem vestuário desconfortável. A posição corporal deve ser descontraída e sem tensões, em cadeiras, poltronas, almofadas ou tapetes.

            A iluminação deve ser suave, lâmpada, vela ou lamparina, em cores, de preferência amarelas, rosas ou azuis.

            A prática da meditação individual diária e ocasionalmente em grupos, para compartilhar experiências, irradia em todos os sentidos, no tempo e nos espaço, um novo estado de ser, de agir e sentir a vida, sem prejudicar as atividades materiais. O equilíbrio, a sintonia e o alinhamento entre o mental, o emocional e o físico avançam como um estado natural, ajudando no conhecimento de si mesmo, dos semelhantes e do meio.

            O círculo vicioso de conflitos, gerando mais conflitos, é rompido pela meditação, revertendo o processo com o fluir de energias equilibrantes que abrem mais espaços para outros valores e talentos, realimentando então um Círculo Virtuoso.

            Outro benefício da meditação é o da centralização de identidade, que antes era muito exterior e frágil, com base em reflexos e efeitos secundários, ficava a mercê das circunstâncias. A identidade mais real e com profundidade fica mais ligada a níveis de consciência mais elevados. Continua convivendo com as circunstâncias, mas já percebe as causas, as origens delas e tem mais poder e liberdade de ação. Cria-se assim uma imunidade natural contra as trivialidades externas que antes invadiam e comandavam a frágil identidade periférica.

continua...

Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa 


quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Meditação (Parte III)

Interpretações teológicas


Atributos Divinos

Sabedoria – Amor – Poder

Atributos Humanos

Pensar – Sentir – Agir







Politeísta – multiplicidade de deuses, com características humanas, com disputas e antagonismos entre eles; poucos princípios e unidade. Dualista.

Monoteísta – um só Deus, ainda com tendências humanas, ira, vingança, despotismo, orgulho. Separado e muito distante de sua criação. Patrimônio exclusivo de povos que se julgam escolhidos e que tentam impor-se uns aos outros por todos os meios, gerando conflitos e separações. Ainda dualista.

Monista – sistema não dualista, do grego monos = ÚNICO, integrado Criador-criação. Inerente, essencial a toda criação, mas transcendente a tudo. Creador, Mantenedor e Renovador de todo o Universo, mas não condicionado. Uno em essência, em espírito, mas infinito em obras, onisciente, onipotente e onipresente; expressão máxima de Sabedoria, Amor e Poder. Incriado; princípio, meio e fim. Alfa e ômega. Percebido e sentido, mas indefinido por palavras, figuras ou imaginação. A tudo envolve, do micro ao macro, da ameba ao homo sapiens, dos planetas às galáxias, do conhecido ao não imaginável. Os efeitos relativos e secundários são apenas reflexos da Causa, Absoluta e Primeira.

            Pelo conceito monista, a dualidade Criador e Criação é apenas aparente, pois os sentidos físicos só percebem os efeitos físicos exteriores, não a Causa Essencial. O mental, ainda infantil e primário, fica deslumbrado com reflexos multicores e aliado ao emocional muito forte, grava na memória quadros e situações muito individuais e personalizadas, porém relativas e incompletas. Sem o discernimento da consciência – veículo da Sabedoria Divina – aparecem conflitos e provocam reações múltiplas que encontram resistências tanto internas como externas na tentativa de impor uma relativa realidade pessoal dentro de uma Realidade Absoluta.

            A meditação correta não alimenta ilusões particulares, contrárias a uma Macro-Realidade. Ela procura calibrar os sentidos, filtrar condicionamentos de conflito e elevar a consciência a níveis de sintonia os mais altos possíveis em direção à Macro-Consciência. Assim, poderá dizer, aceitar e se autodeterminar pelo ensinamento que diz: “PAI, FAÇA-SE A VOSSA VONTADE E NÃO A MINHA”. Vontade significa Sabedoria, Onisciência, Idealização, Conscientização, qualidades orientadoras indispensáveis ao discernimento mental, que vai direcionar o emocional (e+moção = movimento, ação) a produzir efeitos físicos internos e externos conscientes e positivos.

            A meditação não é um fim em si mesma, mas um caminho, um meio de evolução. Não se perde a individualidade, mas ganha-se a real identidade de herdeiros legítimos de Valores que sempre estão ao dispor dos que aceitam e procuram. Como disse o mestre: “Pedi e será dado. Batei e a porta se abrirá”. O tesouro sempre está disponível, mas oculto no campo (em nosso ser interior). É preciso voltar-se nesta direção para que os falsos valores sejam percebidos, entendidos e dominados.

continua...

Texto de Iran Waldir Kirchner
Foto Ilustrativa