segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Misticismo e Mistificação


     Muitas vezes ouvimos alguém dizer que em muitas religiões se encontra o misticismo. Esse termo é usado em sentido pejorativo, com seu sentido deturpado, conotando que certas religiões estão enganando seus seguidores.

     Fomos pesquisar o sentido dessas duas palavras. Segundo o dicionário, Místico é relativo à vida espiritual e contemplativa; devoto, religioso, piedoso. Místico é aquele que, mediante a contemplação espiritual, procura atingir o estado de êxtase de união direta com a divindade. Portanto, o vocábulo místico se refere a características positivas, boas e não pode ser usado com o sentido pejorativo. Ao passo que Mistificação é o ato ou efeito de mistificar, ou seja, abusar da credulidade, enganar, iludir, burlar, lograr.

     Há  poucos dias, numa conversa, ouvi uma pessoa dizer que em muitos Centros Espíritas existe o “misticismo”, que muitos são “místicos”. A pessoa queria dizer que muitos enganam os seus seguidores. É comum ouvirmos isso, mas é uma maneira equivocada de se expressar. O certo seria que existe mistificação e que são mistificadores em alguns lugares.

     A palavra místico vem do grego mystikós. Na antiguidade, era aquele que figurava entre os que eram admitidos nos antigos Mistérios. Atualmente, é quem pratica o misticismo e professa idéias místicas, transcendentais. Misticismo é toda doutrina envolta em mistério e na metafísica, que trata mais dos mundos ideais do que de nosso universo positivo, real. Outra acepção da palavra é “o estado da pessoa que se dedica muito a Deus e às coisas espirituais”.

     Encontrei um texto que explica bem o que é místico e misticismo.
     “Nos tempos modernos, muitos errôneos significados têm sido aplicados aos termos místico e misticismo. O mal entendido mais generalizado é o que admite estarem eles ligados a fenômenos pavorosos e estranhos. Na verdade, porém, o místico é exatamente aquele que deseja e busca a verdade e o conhecimento. Detesta o supersticioso, tanto quanto o que se diz racionalista.
     (...)
     
     O místico crê fundamentalmente que pode receber iluminação divina, ou cósmica, através do Eu subconsciente. A ele se manifesta, durante a meditação, um conhecimento revelado que, intuitivamente, aceita como verdade. A revelação se faz tão clara que, para ele, o conhecimento não requer seja substanciado pela razão. O místico acredita, ainda, que nenhum intermediário se faz necessário para o contato direto com a realidade única, que poderá chamar de Absoluto, Mente Universal, Deus ou Cósmico.
     (...)

     O místico não é fantasista – se for um verdadeiro místico. Poderá, às vezes, procurar fugir às atrações do mundo, para desfrutar da elevação de consciência que sente ser necessária para a harmonização com o Uno. Considera, porém, que tem a sublime obrigação moral de utilizar o fluxo de iluminação, as novas idéias ou o conhecimento revelado que recebeu. É para ele repugnante manter essa luz nos limites de sua própria consciência. A iluminação que recebeu torna-se um incentivo e um estímulo à ação, que, finalmente, vem a expressar de várias maneiras.

     (...) A filosofia mística é um sistema de vida pelo qual o indivíduo chega a adaptar-se ao seu meio ambiente, como reação à experiência íntima por que passou. Representa um desígnio superior que ele interpreta de maneira prática e que, segundo verifica, imprime em seus afazeres diários, pelo menos, parte da ordem cósmica de que se tornou consciente.”

     Portanto, não podemos nos referir a “místico”, quando queremos dizer “mistificação ou mistificador”, pois estaremos, no mínimo, sendo injustos com os místicos – pessoas de boa índole, que dedicam sua vida ao estudo dos mistérios da vida e com seu conhecimento estão sempre ajudando os seus semelhantes.

     O sentido das palavras que usamos em nossa comunicação são muito importantes, sobretudo para que não cometamos injustiças ou julgamentos falsos.

Texto de Cecy Kirchner
 Foto ilustrativa